A esquerda fez valer a sua maioria na mesa parlamentar, que aceitou que a Comissão de Direito analisasse a moção do LFI por 12 votos contra 10.
A moção conta com o apoio dos 72 deputados do LFI e de nove outros membros eleitos ligados aos grupos ecologista e comunista.
O Partido Socialista decidiu não se associar à proposta de resolução, segundo a agência francesa AFP.
Se a comissão desse luz verde, seria necessária uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional para destituir Macron, o que parece muito improvável, uma vez que a esquerda está em minoria na comissão e no hemiciclo.
Nas últimas semanas, várias personalidades, entre as quais o antigo presidente socialista François Hollande e a dirigente ecologista Marine Tondelier, manifestaram publicamente reservas quanto ao processo de destituição.
A Assembleia deverá voltar a reunir-se em 01 de Outubro, a menos que Macron convoque uma sessão extraordinária no final de Setembro.
Essa possibilidade depende da nomeação do governo de Michel Barnier, ao qual a esquerda já prometeu apresentar uma moção de censura.
O LFI, que esteve de mãos dadas com os socialistas da Nova Frente Popular nas últimas eleições legislativas, aplaudiu a admissão da moção nas redes sociais.
Voltou também a apelar a manifestações contra Macron por causa da nomeação do conservador Michel Barnier como primeiro-ministro.
"Onde há vontade, há um caminho", proclamou o deputado e ex-candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon.
A líder parlamentar do LFI, Mathilde Panot, considerou tratar-se de "um dia histórico", segundo a estação de rádio Franceinfo, citada pela agência espanhola Europa Press.
Não há precedentes na V República para que uma sessão plenária do parlamento possa sequer debater uma moção desta magnitude.
A líder do partido de extrema-direita Rassemblement National, Marine Le Pen, denunciou uma "manobra de fumo e espelhos" da extrema-esquerda para "tentar fazer esquecer os seus muitos compromissos com o governo Macron".
No campo do Presidente, o antigo primeiro-ministro e líder dos deputados da Renascença, Gabriel Attal, criticou a iniciativa, que considerou como "uma declaração de guerra" às instituições da República.
Attal descreveu os autores da moção como "agentes de desestabilização permanente".