Tensões à esquerda e à direita em França após Macron antecipar eleições

PorExpresso das Ilhas, Lusa,11 jun 2024 14:08

As tensões políticas em França estão ao rubro, tanto à direita como à esquerda, dois dias após o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter dissolvido a Assembleia Nacional na sequência da derrota das eleições europeias de domingo, ganhas pela extrema-direita.

Neste contexto, Macron adiou por 24 horas a conferência de imprensa inicialmente prevista para hoje -- foi adiada para as 12h00 de quarta-feira (09h00 em Cabo Verde) e destinada a revelar o seu "rumo" para a França, face aos sucessivos apelos ao voto na extrema-direita.

Segundo a Presidência gaulesa, Macron irá expor "a direção que considera correta para a nação", apenas 18 dias antes da primeira volta da campanha legislativa mais curta da história da Quinta República.

Entretanto, "a clarificação política pedida no domingo pelo Presidente da República está em curso", segundo a Presidência, e "as forças republicanas de um lado e as forças extremistas do outro estão a posicionar-se".

De acordo com uma sondagem Harris Interactive -- Toluna, publicada na segunda-feira, o Rassemblement National (RN, extrema-direita), cujo presidente Jordan Bardella venceu as eleições europeias, tem 34% das intenções de voto para a primeira volta de 30 de Junho. Isto dar-lhe-ia uma maioria relativa na segunda volta, a 07 de Julho, com 235 a 265 deputados.

Os 'macronistas', com 19%, só poderiam contar com 125 a 155 lugares, contra 115 a 145 para a esquerda, creditada com 22% sob a sua nova bandeira unida, a "Frente Popular".

Uma outra sondagem divulgada hoje mostra que a grande maioria dos franceses, 66%, estava satisfeita com a dissolução da Assembleia Nacional anunciada na sequência das eleições europeias.

À direita, analisa a agência noticiosa France-Presse (AFP), as grandes manobras estão em curso.

O RN continua a aumentar a sua vantagem, reforçada pelo novo estatuto de favorito, semeando a confusão no seio dos republicanos (Les Republicans, à direita).

Xavier Bertrand, uma das principais figuras do partido, exigiu uma "clarificação" ao presidente do partido, Eric Ciotti.

Jordan Bardella, o líder designado para Matignon em caso de vitória do RN, reiterou o desejo de "construir a maioria mais ampla possível", com uma estratégia baseada exclusivamente em acordos locais, e afirmou que o seu movimento "apoiará" os candidatos "dos republicanos".

Já na segunda-feira, a chefe do RN, Marine Le Pen, tinha afirmado que era "naturalmente capaz" de não apresentar um candidato contra os candidatos do LR com os quais tinha sido alcançado um acordo.

"Se há pessoas que querem ir para o RN, que o digam agora", irritou-se o chefe da região de Hauts-de-France (norte), em declarações à FranceInfo, indicando que "não apoiaria um candidato de direita suportafo pelo RN".

Olivier Marleix, chefe dos deputados da LR, outra figura de proa dos republicanos, também disse que isso era impensável: "Vamos candidatar-nos com as nossas próprias cores, sem quaisquer acordos".

À esquerda, a aliança prevista pelos principais atores foi hoje duramente criticada pelo primeiro-ministro Gabriel Attal, que considerou "revoltante" o facto de os socialistas quererem "construir um acordo" com a França Insubmissa (LFI, esquerda radical).

Os quatro principais partidos de esquerda (LFI, PS, Ecologistas, PCF) tinham, de facto, encontrado um terreno comum na segunda-feira à noite e apelado a "candidaturas únicas desde a primeira volta".

As conversações recomeçaram na terça-feira de manhã, para definir um programa comum e repartir os 577 círculos eleitorais. Mas a escolha de um líder continua a ser uma incógnita.

O caso de Jean-Luc Mélenchon, líder do LFI, acusado nomeadamente de ambiguidades sobre a questão do antissemitismo, está também a causar preocupação entre os dirigentes partidários, como o socialista Olivier Faure, que considera que "não há lógica" no facto de ele "ser o candidato" da esquerda a primeiro-ministro.

"Ele não estava nas discussões" de segunda-feira à noite, sublinhou o comunista Fabien Roussel.

O campo presidencial continua emboscado: o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe saiu do anonimato para apelar à "construção de uma nova maioria", que deve ser "aberta" a "todas as forças políticas do bloco central", nomeadamente a LR.

"Cumprirei o meu dever de cidadão ligado à sua pátria que tudo fará para evitar o pior" e "o meu dever de primeiro-ministro de agir ao serviço dos franceses até ao último minuto", afirmou Gabriel Attal.

Em todo o caso, todos os candidatos estão sob pressão de tempo: as candidaturas devem ser apresentadas entre quarta-feira e as 18h00 de domingo, um dia antes do início da campanha.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,11 jun 2024 14:08

Editado porAndre Amaral  em  20 nov 2024 23:25

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