Assembleia Nacional da Venezuela condena decisão do PE de reconhecer Edmundo González

PorExpresso das Ilhas, Lusa,20 set 2024 7:38

A Assembleia Nacional (AN, parlamento), onde o chavismo detém a maioria, condenou esta quinta-feira a decisão do Parlamento Europeu (PE) de reconhecer o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela.

Durante uma sessão ordinária, transmitida pela televisão estatal venezuelana, foi aprovado o "Acordo em repúdio pela intervenção grosseira nos assuntos internos da Venezuela de parte de alguns deputados fascistas do Parlamento Europeu".

O projecto de acordo foi proposto pela deputada Blanca Eeckhout que acusou o PE de ter uma posição "vergonhosa", de "intrometer-se, interferir e, mais uma vez, tentar transformar a Venezuela numa colónia"".

"O fascismo está a tentar não reconhecer a vontade soberana do povo venezuelano", alertou.

O acordo, além de condenar "a nefasta resolução promovida pela direita fascista no PE", apela a respeitar a decisão dos venezuelanos que elegeram soberanamente Nicolás Maduro como presidente reeleito do país.

Por outro lado, insta "os eurodeputados fascistas a abandonarem definitivamente a estratégia neocolonialista falhada de mudança de regime na República Bolivariana da Venezuela, a cessarem a sua agressão contínua e obsessiva e a concentrarem-se nas graves violações dos Direitos Humanos que ocorrem dentro das suas fronteiras".

Durante o debate o vice-presidente da NA, Pedro Infante, acusou a “internacional fascista" de influenciar o Parlamento Europeu e denunciou que está em curso um plano "dos parlamentares dominados pela ultradireita internacional para atacar a revolução bolivariana e o Governo de Nicolás Maduro".

"Eles condenam que o Conselho Nacional Eleitoral não ter convidado a União Europeia como observadores internacionais. Tínhamos razão, eles são conspiradores e tinham um plano claro para levar a cabo uma fraude eleitoral. Mais nunca participarão em nenhum ato eleitoral na Venezuela", sublinhou ao mesmo tempo que acusou a União Europeia de estar envolvida em planos terroristas da oposição venezuelana.

Frisou ainda que a União Europeia carece de moral para exigir algo à Venezuela.

"Vocês têm seis monarquias no vosso seio, não podem vir dar-nos lições de democracia", sublinhou.

Parlamento Europeu (PE) reconheceu ontem Edmundo González, principal opositor ao regime de Nicolas Maduro, como o Presidente legítimo do país, com o voto contra da esquerda representada no hemiciclo.

Durante a sessão plenária em Estrasburgo (França), os eurodeputados aprovaram uma resolução com 309 votos favoráveis, 201 contra e 12 abstenções, que reconheceu o líder da oposição, hoje exilado, como vencedor das eleições presidenciais de 28 de Julho.

A resolução conjunta foi subscrita pelo Partido Popular Europeu (PPE), pelo grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) - que tem como principal nome a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni - e os Patriotas pela Europa - liderados pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e a líder da Frente Popular (França). O Chega faz parte deste último grupo.

A Venezuela realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de Julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos. A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia -- actualmente exilado em Espanha -, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as actas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,20 set 2024 7:38

Editado porAndre Amaral  em  20 nov 2024 23:25

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