A saudação de José Maria Neves foi transmitida pelo próprio numa rede social em reação ao anúncio ocorrido hoje durante a 47.ª Sessão do Comité do Património Mundial, realizada em Paris, França.
“Saúdo e felicito calorosamente a República da Guiné-Bissau na minha dupla condição de Presidente da República e de Champion da União Africana para a Preservação do Património Natural e Cultural de África”, escreveu o líder cabo-verdiano.
Também através de uma rede social, a Embaixada de Portugal deu os parabéns à Guiné-Bissau por aquilo que considera de “reconhecimento merecido da riqueza natural e da biodiversidade única”.
A representação portuguesa considera ainda “paraíso insular” o Parque Natural das Ilhas de Orango, o Parque Nacional Marinho João Vieira e Poilão e a Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas Urok, zonas elevadas ao Património Mundial Natural pela UNESCO.
Para a Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, o reconhecimento é o resultado de “esforço coletivo” e que “honra também o papel essencial do povo Bijagó, guardião ancestral deste santuário natural, cuja sabedoria e práticas sustentáveis têm sido decisivas para a sua preservação”.
A representação destaca ainda a colaboração de “várias entidades portuguesas”, nomeadamente da Universidade de Lisboa que ajudou o Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas, IBAP, na preparação da candidatura agora aceite.
“Importa assinalar que está em preparação o Projeto ProBijagós, financiado pela Cooperação Portuguesa através do Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e Energia, que reforça o compromisso partilhado na conservação deste património comum”, refere ainda a nota da embaixada portuguesa em Bissau.
A representação de Portugal na Guiné-Bissau defende que é um momento de orgulho para o país e para toda a lusofonia, o anúncio hoje feito em Paris pela UNESCO.
Também pela rede social, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Liga Guineense dos Direitos Humanos deram os parabéns à Guiné-Bissau.
Em nota assinada pelo seu presidente, Bubacar Turé, a Liga dos Direitos Humanos saúda “com imenso orgulho e emoção” o povo guineense, “guardião ancestral e sábio” do arquipélago dos Bijagós.
Turé considera ser “uma monumental conquista” a inscrição das ilhas Bijagós na lista de Património Mundial Natural, felicita o IBAP, mas exorta para que sejam protegidos os direitos ancestrais das comunidades locais, combatida a criminalidade organização na região e que seja fomentada um turismo responsável na zona elevada.
A antiga ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nelvina Barreto, atualmente ligada aos programas de conservação ambiental no PNUD, também felicitou o seu país.
“Viva a Guiné-Bissau, hoje e sempre”, escreveu Barreto.
O antigo Procurador-Geral da República guineense e atual líder partidário, Juliano Fernandes, considera ser “merecida e justifica” a elevação das ilhas Bijagós.
De forma geral, os guineenses estão a escrever nas suas páginas de redes sociais que se trata de “dia histórico”, ao mesmo tempo que destacam e felicitam o ministro do Ambiente, Viriato Cassamá, e Aissa Regala de Barros, a diretora-geral do IBAP, o instituto público que conduziu o processo da candidatura.
Do total de 88 ilhas que compõem o arquipélago da costa ocidental de África, 23 são habitadas.
A candidatura, agora aprovada, do "Ecossistema Marinho e Costeiro do Arquipélago dos Bijagós - OMATÍ MINHÕ" concentra-se nos três parques naturais, concretamente o Parque Natural das Ilhas de Orango, o Parque Nacional Marinho João Vieira e Poilão e a Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas Urok e a ligação entre esses três parques.
Trata-se da zona mais relevante do ponto de vista da biodiversidade nas ilhas e ilhéus onde desovam tartarugas, habitam hipopótamos e se alimentam aves migratórias.
O modo de vida e a cultura do povo Bijagós distinguem também estas ilhas da costa ocidental africana.
As Bijagós são também procuradas pelas praias e pesca, com um turismo ainda reduzido aos expatriados das várias organizações a trabalhar no país e a pescadores desportivos, sobretudo de países francófonos.