"Em resposta ao pedido dos países europeus, o Irão aceitou realizar uma nova ronda de negociações com representantes dos três países europeus membros do JCPOA [acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015]", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baqaei, à televisão pública iraniana IRIB.
A reunião marcada para sexta-feira na Turquia contará com a presença de dois vice-ministros dos Negócios Estrangeiros do Irão, para os assuntos jurídicos e internacionais, Kazem Gharibabadi, e para os assuntos políticos, Majid Takht Ravanchi.
Estas negociações com os países europeus do chamado grupo E3 decorrem "separadamente das conversações indiretas com os Estados Unidos", disse o porta-voz dos Negócios Estrangeiros.
No domingo, fonte diplomática alemã disse à agência noticiosa France-Presse que a Alemanha, a França e o Reino Unido previam ter esta semana novas conversações com o Irão.
Os países europeus ameaçaram reintroduzir as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o Irão, caso este país não retomasse as negociações.
No âmbito do acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 (JCPOA) - denunciado pelos Estados Unidos, que deixaram de fazer parte, mas ainda em vigor para o Irão, os E3, a China e a Rússia - uma cláusula permite restabelecer as sanções da ONU contra Teerão em caso de incumprimento dos seus compromissos, o chamado mecanismo de 'snapback'.
Para poder ativar o mecanismo antes do término do JCPOA em outubro, os europeus querem avanços diplomáticos antes do final de agosto.
A 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa. A extensão exata dos danos é desconhecida.
Durante a recente guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, que ocorreu em junho passado, Telavive realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.
O Irão retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.
Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo internacional concluído em 2015 com as grandes potências, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump.
Para construir uma bomba, o enriquecimento precisa de ser elevado a 90%, segundo a AIEA, agência que integra o sistema da ONU.