Irão acusa europeus de incumprimento do acordo nuclear de 2015

PorExpresso das Ilhas, Lusa,21 jul 2025 14:18

O Irão responsabiliza os países europeus pelo fracasso do acordo nuclear de 2015 e acusa-os de não terem cumprido os seus compromissos, declarou hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"A parte europeia foi culpada e negligente na implementação" do acordo nuclear, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baghai.

Recorrer a este mecanismo "é sem sentido, injustificável e imoral", afirmou Baghai numa conferência de imprensa, argumentando que o Irão se afastou do acordo em retaliação pelas falhas ocidentais.

"A redução dos compromissos do Irão foi realizada de acordo com as disposições" estabelecidas no texto, garantiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

Paris, Londres e Berlim ameaçam restabelecer as sanções da ONU contra o Irão, conforme é permitido pelo acordo, acusando Teerão de não ter cumprido os seus compromissos nucleares.

Em reação a esta notícia, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão tinha afirmado que os três países não tinham qualquer tipo de base legal para repor as sanções contra Teerão.

O Irão vai ter uma nova ronda de negociações sobre o programa nuclear de Teerão com Alemanha, França e Reino Unido na sexta-feira em Istambul, na Turquia, que já havia anunciado no domingo o Governo iraniano.

A reunião contará com a presença de dois vice-ministros dos Negócios Estrangeiros do Irão, para os assuntos jurídicos e internacionais, Kazem Gharibabadi, e para os assuntos políticos, Majid Takht Ravanchi.

Estas negociações com os países europeus do chamado grupo E3 decorrem "separadamente das conversações indiretas com os Estados Unidos", disse o porta-voz dos Negócios Estrangeiros no domingo.

No âmbito do acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 (JCPOA) - denunciado pelos Estados Unidos, que deixaram de fazer parte em 2018, mas ainda em vigor para o Irão, os E3, a China e a Rússia - uma cláusula permite restabelecer as sanções da ONU contra Teerão em caso de incumprimento dos seus compromissos, o chamado mecanismo de 'snapback'.

Para não ativar o mecanismo antes do término do JCPOA em outubro, os europeus querem avanços diplomáticos antes do final de agosto.

Em 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa. A extensão exata dos danos é desconhecida.

Durante a recente guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, que ocorreu em junho passado, Telavive realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.

O Irão retaliou com ataques de mísseis e 'drones' contra Israel. Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.

Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo internacional concluído em 2015 com as grandes potências, do qual os Estados Unidos se retiraram durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump.

Para construir uma bomba, o enriquecimento precisa de ser elevado a 90%, segundo a AIEA, agência que integra o sistema da ONU.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,21 jul 2025 14:18

Editado porSara Almeida  em  21 jul 2025 23:22

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