Lecornu estava no cargo há menos de um mês, desde 9 de Setembro, e a sua saída abre agora a porta a diferentes cenários, incluindo a eventual convocação de eleições antecipadas.
Durante o dia, vários ministros cancelaram as suas agendas, alguns deles fora de Paris, como o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, aguardando indicações sobre o rumo político a seguir.
A decisão de Lecornu surge num momento de forte contestação. O chefe do governo enfrentava críticas da oposição e da direita depois de ter apresentado, no domingo à noite, parte da sua nova equipa governamental.
Entre os motivos que precipitaram a sua saída está a reacção do partido conservador Republicanos, um dos seus principais aliados. O líder da formação, Bruno Retailleau, manifestou publicamente o seu descontentamento com a composição do novo executivo, por considerar que o seu partido deveria ter maior representação. Retailleau convocara mesmo uma reunião da direcção dos Republicanos para esta segunda-feira, com o objectivo de discutir uma eventual saída do Governo.
Na véspera da demissão, Lecornu anunciara uma composição parcial do executivo, com 16 ministros e dois secretários de Estado. A maioria das nomeações recaía em figuras de centro-direita e direita, muitas delas já integrantes do gabinete do seu antecessor, François Bayrou.
As reacções da oposição não tardaram. Da esquerda à extrema-direita, as críticas foram unânimes.
Sébastien Lecornu era já o quarto primeiro-ministro nomeado por Emmanuel Macron no último ano. O anterior governo tinha caído perante um parlamento profundamente dividido em torno das propostas de contenção orçamental. Lecornu deveria apresentar esta terça-feira a sua declaração de política geral à Assembleia Nacional.
Na manhã desta segunda-feira, o agora ex-primeiro-ministro justificou a sua decisão afirmando que “não estavam reunidas as condições” para exercer o cargo. “Ser primeiro-ministro é uma tarefa difícil, ainda mais difícil neste momento. Mas não se pode ser primeiro-ministro quando as condições não estão reunidas”, afirmou.
Lecornu acrescentou que falou pouco nas últimas semanas por estar concentrado em “construir um caminho com os parceiros sociais”, lamentando, contudo, o “apetite partidário” que, segundo disse, dificultou a formação do Governo.
Com a sua saída, a França entra novamente num período de incerteza política, com Emmanuel Macron sob pressão para encontrar uma solução capaz de garantir estabilidade ao executivo.