Numa declaração publicada nas redes sociais, Abbas expressou a esperança de que estes esforços sejam o"prelúdio para uma solução política permanente (...) que conduza ao fim da ocupação israelita do Estado da Palestina e ao estabelecimento de um Estado palestiniano independente".
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira que a primeira fase do plano de paz para a Faixa de Gaza foi aceite pelo Hamas, que vai libertar os reféns, e por Israel, que deve retirar as forças para uma zona demarcada.
Na mesma declaração citada pela agência Wafa, Mahmoud Abbbas afirmou ainda que a soberania sobre a Faixa de Gaza pertence ao Estado da Palestina, juntamente com a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Abbas pediu também a criação de um comité administrativo palestiniano unificado e forças de segurança palestinianas para trabalhar em prol da coesão.
A Faixa de Gaza é governada pelo Hamas desde que os islamistas expulsaram a Fatah (presidida por Abbas e principal força da Autoridade Nacional Palestiniana, que governa parte da Cisjordânia), em 2007, após vencer as últimas eleições legislativas palestinianas.
Mahmoud Abbas afirmou, na altura, o papel da Autoridade Nacional Palestiniana na Faixa de Gaza "do pós-guerra", prometendo trabalhar com mediadores e "parceiros relevantes" para garantir estabilidade e uma paz duradoura e justa, de acordo com o direito internacional.
Israel e Hamas acordaram na quarta-feira à noite a fase inicial do cessar-fogo na Faixa de Gaza, após negociações em Sharm al-Sheikh mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase inicial da trégua envolve a retirada do Exército israelita para a denominada linha amarela demarcada pelos Estados Unidos, que forma um perímetro com cerca de 1,5 quilómetros de no ponto mais estreito e 6,5 quilómetros no ponto mais largo, estendendo-se a partir da linha divisória entre Israel e Gaza.
As tropas israelitas, que já iniciaram os preparativos para a retirada, vão de recuar até essa marca antes de os reféns serem libertados.
De acordo com o jornal israelita Haaretz, os 20 reféns vivos podem sair de Gaza entre sábado e domingo, enquanto Trump anunciou que todos (incluindo os mortos) vão ser retirados do enclave até segunda-feira.
Israelitas e palestinianos celebram acordo, mas ataques em Gaza continuam
Cidadãos palestinianos e israelitas saíram à rua, esta quinta-feira, para celebrar o anúncio de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na sequência do plano de paz apresentado pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Contudo, os ataques na Faixa de Gaza continuam.
"Graças a Deus pelo cessar-fogo, pelo fim do derramamento de sangue e das mortes", enalteceu à Reuters Abdul Majeed Abd Rabbo, em Khan Younis, no sul de Gaza.
E complementou: "Não sou o único feliz; toda a Faixa de Gaza está feliz, todo o povo árabe, todo o mundo está feliz com o cessar-fogo e o fim do derramamento de sangue. Obrigado e envio todo o meu amor para aqueles que estiveram ao nosso lado."
Khaled Shaat corroborou o sentimento, tendo dado conta de que "há muito" que os palestinianos aguardam por esta instância.
"Estes são momentos há muito esperados pelos cidadãos palestinianos, após dois anos de mortes e genocídio", disse, também em Khan Younis.
Já em Telavive, na apelidada 'Praça dos Reféns', as famílias dos cidadãos israelitas raptados pelo Hamas também não contiveram o entusiasmo.
"Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo explicar o que estou a sentir... é uma loucura", disse Einav Zaugauker, mãe de Matan Zangauker, um jovem de 25 anos que foi capturado no dia 7 de outubro de 2023.
"O que lhe digo? O que faço? Abraço-o e beijo-o. […] Digo-lhe apenas que o amo, só isso. E ver os seus olhos afundarem-se nos meus... É avassalador – é um alívio", confessou.
No entanto, Israel advertiu, esta madrugada, que continua a cercar a cidade de Gaza, "para onde regressar é extremamente perigoso".
"A zona a norte de Wadi Gaza continua a ser considerada uma zona de combate perigosa", alertou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel [IDF, na sigla inglesa] Avichay Adraee, que apelou aos habitantes de Gaza para se manterem afastados do exército israelita, na rede social X (Twitter).
"Para a vossa própria segurança, abstenham-se de regressar para norte ou de se aproximar das zonas onde as IDF estão estacionadas e a operar em qualquer ponto da Faixa, incluindo o sul e o leste da Faixa, até que sejam emitidas instruções oficiais", acrescentou.
A Defesa Civil de Gaza, por sua vez, deu conta de vários ataques israelitas ao enclave palestiniano, ocorridos já após o anúncio do acordo.
"Foram relatadas várias explosões, nomeadamente no norte de Gaza", indicou um dos responsáveis, Mohammed Al-Mughayyir, referindo "ataques aéreos intensos sobre a cidade de Gaza".