Cabo Verde vai adquirir e distribuir vacinas para quase 200.000 pessoas – cerca de 35% da população – incluindo os 20% das populações prioritárias, destaca o Banco Mundial em nota de imprensa.
O financiamento agora aprovado é, como explica a mesma fonte, “a primeira operação financiada pelo Banco Mundial em África para apoiar o plano de imunização de um país para COVID-19 e auxiliar na compra e distribuição da vacina em linha com a Iniciativa COVAX de Acesso Global às Vacinas de COVID-19”.
Assim, este financiamento adicional visa apoiar os esforços do país para a compra e distribuição de mais de 400.000 doses da vacina para COVID-19, bem como de equipamentos de proteção pessoal, como máscaras e suprimentos médicos, de modo a garantir uma implementação eficaz da campanha de vacinação.
Dentro deste projecto será igualmente financiado equipamento e transporte para a cadeia de frio, e também uma melhoria da infraestrutura de saúde para ajudar na reabertura do país ao turismo.
“Trata-se de um desenvolvimento do suporte de emergência fornecido pelo Projeto de Resposta Emergencial à COVID-19 de Cabo Verde”, acrescenta a nota.
“No contexto de uma segunda vaga do coronavírus a causar grave impacto nas vidas e economias de África, fechando escolas e negócios, estamos a fortalecer os nossos esforços para ajudar os países a comprar e a distribuir vacinas, testes e tratamentos, e a avigorar os sistemas de vacinação,” explica Ousmane Diagana, Vice-Presidente do Banco Mundial para a África Ocidental e Central. “Cabo Verde tem imensa experiência com campanhas de vacinação e está bem preparado para dar início à implementação das vacinas este mês. Esta é uma medida crucial para ajudar a assegurar o futuro do povo cabo-verdiano, para recuperar empregos e realavancar a indústria do turismo, particularmente impactada pela pandemia.”
Como recorda o Banco Mundial, a economia cabo-verdiana tem sido drasticamente afectada pela crise, com uma contração estimada para o PIB de 11% em 2020. Houve uma queda de 70% na entrada de turistas em 2020, com a taxa de desemprego a beirar os 20% e a de pobreza mais do que dobrando de 20% para 45% no curto prazo. Embora dois terços das mortes ocorram entre pessoas com mais de 65 anos (NR: na verdade, mais de 2/3, de acordo com os dados consultados pelo Expresso das Ilhas), os cabo-verdianos jovens e economicamente activos são os mais afectados pelo vírus.
A nota do Banco Mundial cita também o Vice Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Olavo Correia que se mostra satisfeito com a aprovação do financiamento.
“Após meses de trabalho rigoroso e de grande colaboração, enche-nos de muita satisfação a aprovação pelo Banco Mundial desse financiamento adicional para ajudar Cabo Verde a comprar e distribuir vacinas contra o vírus da COVID-19,” expressou. “Este financiamento é um complemento necessário às medidas prontas e abrangentes instauradas em Cabo Verde desde o início da pandemia. Estamos agora empenhados em assegurar que a população seja prontamente vacinada, de forma a podermos reestabelecer o crescimento económico de uma maneira mais resiliente e diversificada”.
Para ajudar a preparar o Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19, uma avaliação de aptidão da vacina foi conduzida pelo Governo de Cabo Verde com apoio do Banco Mundial, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), relata também a instituição financeira.
A avaliação foi positiva e “demonstrou que as preparações estão bem encaminhadas, o quadro legal e o processo de identificação da população visada estão instalados, e Cabo Verde está agora apto a fazer recurso ao Compromisso de Mercado Avançado da Iniciativa COVAX (CMA-COVAX) como principal mecanismo para a compra de vacinas”.
Numa revisão resumida do apoio dado na resposta à pandemia, a nota lembra que o Grupo Banco Mundial em Cabo Verde se focou em três grandes áreas para: salvar vidas, proteger os pobres e reconstruir melhor.
Em termos financeiros isso corresponde ao seguinte: Como parte da resposta sanitária, uma operação emergencial para a saúde de 5 milhões de dólares e uma subvenção adicional de 940.000 dólares através do Mecanismo para Emergência Pandémica ajudaram na aquisição de equipamento médico essencial. Complementarmente, 10 milhões de dólares das Operações de Levantamento de Crédito Diferidas a Catástrofes foram accionados para auxiliar a fechar o défice orçamental provocado pelo choque económico e a resposta sanitária. Para proteger os mais vulneráveis, 3 milhões de dólares foram realocados para fornecer transferências emergenciais de dinheiro a mais famílias em dificuldades.
Ainda a referir, o projeto de Reforço do Ensino e do Desenvolvimento de Competências que ajudou, igualmente, na compra de tablets e aparelhos de televisão para garantia do ensino à distância durante o confinamento. Para a retomada da economia, um financiamento adicional por via do projeto de Acesso a Finanças para Micro, Pequenas e Médias Empresas na COVID-19 veio apoiar os pequenos e médios negócios no acesso ao crédito. Também foram recentemente aprovados 25 milhões de dólares suplementares para fortalecer a resiliência fiscal e reformar as Empresas Estatais.
O Banco Mundial tem em curso várias acções para ajudar os países em desenvolvimento a responder aos impactos sanitários, sociais e económicos da COVID-19, incluindo 12 mil milhões de dólares para ajudar países de rendimento baixo e médio a comprar e distribuir vacinas para COVID-19, testes, e tratamentos, e a fortalecer os sistemas de vacinação.
“O financiamento soma-se à resposta mais abrangente do Banco Mundial à COVID-19, a qual está a ajudar mais de 100 países a consolidar os seus sistemas de saúde, a dar suporte aos agregados mais pobres, e a criar condições de apoio à preservação dos meios de vida e emprego das populações mais afectadas”, finaliza a nota.
O financiamento adicional de 5 milhões de dólares do Banco Mundial no âmbito da imunização da população contra a COVID-19 já era esperado pelo governo de Cabo Verde, que recentemente referiu expectar igualmente mais 10 mil dólares de outros parceiros.