O desporto ao serviço da paz

PorLeonardo Cunha,21 set 2018 18:31

​Esta semana, o mundo teve uma notícia, que redobra as esperanças na importância do Movimento Olímpico para a promoção da paz e união entre os povos. A Coreia do Sul e a Coreia do Norte anunciaram que vão fazer uma candidatura conjunta para poder acolher a edição XXXV dos Jogos Olímpicos de Verão em 2032. Mesmo que a Carta Olímpica não preveja sequer a possibilidade de organização conjunta dos Jogos por duas cidades, é animadora a ideia avançada com este cenário.

Este anúncio surge depois de um caminho de proximidade que foi verificado e iniciado com as duas Coreias na edição dos XXIII dos Jogos Olímpicos de Inverno 2018 de PyeongChang (Coreia do Sul). Os dois países, que estão em estado formal de guerra, caminharam de “mãos dadas” na cerimónia de abertura. Existiu até uma equipa conjunta de Hóquei no Gelo Feminina a competir durante estes mesmos Jogos.

Os céticos, categoria que eu ainda me incluo-o, entendem que é preciso muito mais para a afirmação inequívoca a nível internacional da importância do Movimento Olímpico como catalisador dos movimentos de paz no mundo. Mas mesmo estes, têm de reconhecer, o efeito simbólico e sinal de esperança que este anúncio representa.

Recordo que, estes dois países, estiveram em situação de guerra (na guerra da libertação da pátria) desde 1950 e formalmente, mesmo depois do armistício de 1953, a guerra manteve-se pois nunca houve a assinatura de um tratado de paz. No dia 27 de abril de 2018, foi a altura quando os líderes das coreias iniciaram as negociações, com a assinatura de uma declaração conjunta que irá resultar na assinatura de um acordo que terminará oficialmente o conflito.

Esta declaração de organização conjunta dos Jogos Olímpicos, no qual o Comité Olímpico internacional (COI) ainda não teve até ao momento uma reação oficial, deverá ser bem vista pelo seu presidente Thomas Bach que já afirmou que será importante existir uma delegação conjunta durante os Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio (Japão).

Importante referir igualmente, que o presidente do COI, após os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, manteve uma maior proximidade com os líderes destes países.

Os Jogos Olímpicos sempre representaram, desde a sua antiguidade, o desejo da existência da trégua olímpica (personificada pela tocha olímpica que incendeia a pira olímpica sinalizando o início dos Jogos) e que o Movimento Olíimpico represente um veículo na união dos povos através da cultura, educação e o desporto.

Este movimento para a paz através do desporto tem sido promovido por várias organizações e agências internacionais, na qual destaco as próprias nações unidas e a Peace and Sport. A Peace and Sport é uma organização internacional com sede no principado do Mónaco e o seu patrono é o príncipe Alberto II.

Desde 2013 que as Nações Unidas instauraram o dia 6 de abril como o dia para celebração do “desporto para o desenvolvimento e para a paz”. A Peace and Sport iniciou uma campanha mundial chamada #whitecard (cartão branco) para que os vários países e organizações do mundo se possam manifestar a favor deste movimento. A campanha consiste em tirar uma fotografia em várias atividades associadas ao desporto com um cartão branco e publicar nos meios de comunicação disponíveis.

Cabo Verde participa nesta iniciativa, através do Comité Olímpico e demais parceiros, desde 2015. Este ano, numa seleção entre mais de 180 países participantes e 2000 eventos registados na plataforma online, Cabo Verde foi nomeado para a categoria de “iniciativa do ano” para a campanha. O galardão será disputado entre 3 eventos nomeados no próximo dia 18 de Outubro, no qual Cabo Verde se destaca pela sua proatividade.

O mais interessante é que em Cabo Verde o envolvimento e acolhimento desta iniciativa, que quer dar significado a fenómenos idênticos ao que está a acontecer nas “coreias” e outros locais no mundo, decorreu essencialmente da força das comunidades e da sociedade civil. São estes, os elementos que compõe os clubes olímpicos, os voluntários e os ativistas desportivos que realmente quiseram demonstrar como o desporto é importante para as suas vidas e como este pode representar o desenvolvimento de um mundo melhor.

*Leonardo Cunha é secretário executivo do Comité Olímpico Cabo-Verdiano

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Autoria:Leonardo Cunha,21 set 2018 18:31

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  21 set 2018 18:31

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