Incontornável – pela maneira como se apoderou de uma geração e fê-la seus fãs, seus seguidores e sua fiel plateia. Inclusive, foi o “herói” de vários músicos que actualmente lideram os palcos. Por exemplo, Mayra Andrade em entrevista terá confessado que foi o primeiro músico que a conquistou ainda criança. Completamente compreensível. Na verdade, tinha como fãs uma plateia chamada Cabo Verde – e mais tarde outros países- que se rendeu à sua performance quando lhe foi dada a conhecer a famosa “Rosinha”.
Indiscutível – ter sido um dos primeiros músicos cabo-verdianos (se não o primeiro…) a mostrar o verdadeiro significado de “Frontman” ...” the lead Singer”, o “show man”. Foi na verdade a nosso primeiro “Pop-star” que aparece em revistas especializadas internacionais.
Inquestionável – o valor e a marca que acrescentou à música de Cabo Verde. Aqui, com toda a justiça há que falar, sem nunca esquecer, do papel dos seus companheiros musicais de sempre – responsáveis por toda a produção musical que suportava o líder do palco. É absolutamente obrigatório referirmo-nos ao grupo Livity ... de que na verdade Neto fazia parte. Destacou-se mais tarde em carreira a solo, mas essencialmente Neto foi o cantor de um grupo onde surgiram figuras como Grace Évora, Kino Cabral, Johnny Fonseca...
Inovador – quando numa altura em que se ouvia em qualquer espaço de dança o domínio total do zouk das Antilhas, Jorge Neto e a sua base e suporte musical de sempre – Os Livity - aparecem com uma sonoridade nova, que misturava ritmos de Cabo Verde com o etno-pop de então, e tudo se traduzia em felicidade. Sim, porque falar de Jorge Neto e Livity é falar do único estado para o qual eramos transportados ao ouvi-los…essa tal felicidade como cantou, num dos temas mais emblemáticos do grupo.
Continuidade – quando abre caminho para vários grupos de “cola-zouk” que viram em Neto e Livity um exemplo a seguir. Haveria tanto mais para dizer deste músico! Contudo, uma certeza – a sensação que fica sobretudo à geração que dançou e celebrou com os Livity é a de ser extremamente difícil descrever o que este grupo transmitia. Parecia tudo muito natural, mas a injecção de (repito) alegria e felicidade, tinha efeito imediato. Mexia com as emoções…
Ficam assim temas inesquecíveis como: “Rosinha”, “Felicidade”, “Ki bale”, “Sperança na bó”, “Na nha lado”... e tantos outros...
“Livity”, para sempre. Neto, segue a tua estrada…
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 952 de 25 de Fevereiro de 2020.