O docente e investigador foi um dos convidados da última edição do panorama 3.0 da Rádio Morabeza, onde abordou o comportamento criminal, a sua interpretação, medidas punitivas ou de reinserção social na sociedade actual.
Em Cabo Verde, onde se tem verificado um agravamento das desigualdades sociais, Luís Maia diz que a situação não se resolve com intervenções psicológicas.
“Se eu fosse ingénuo diria assim: seria preciso mais psicólogos, mais sociólogos, mais criminologistas, mais reinserssores sociais - eu estaria a ter uma perspectiva só reactiva. Teria que haver medidas sociopolíticas de fundo de prevenção, mas para isso os Governos têm que criar metodologias e condições que permitam mitigar as diferenças”, defende.
Aqui o especialista realça o papel das entidades de intervenção local, entre as quais os diferentes grupos sociais, as igrejas, que unifiquem as pessoas “à volta de um porquê de vida”.
O Estado tem que chamar a si a responsabilidade de mitigar estas diferenças. O caminho passa por reforçar a força policial, mas também pelo combate às desigualdades sociais.
“Reforça-se o efectivo policial sim senhor. Mas, da mesma forma que se consegue arranjar dinheiro para tantas coisas, tem que se apostar então para mais e melhores escolas, para melhor alimentação, para melhor distribuição da riqueza, ou pelo menos do PIB”, considera.
O professor da Universidade da Beira Interior, em Portugal, defende que a educação é o melhor factor no combate às desigualdades sociais.
“Eu sempre aprendi que o melhor factor que evita, no futuro, as desigualdades sociais é dotar um povo de educação”, diz.
“Seria importante perguntar aos governantes se querem um povo instruído ou ignorante. O que é que é mais fácil governar, um povo ignorante ou instruído? E enquanto um povo for ignorante é mais fácil governa-lo”, realça.