Em entrevista exclusiva à Rádio Morabeza, Lígia Fonseca pede respostas.
“Eu não sei qual é o perigo em que estamos. E dar informação não é dizer o que toda a gente já sabe. O comunicado emitido ontem [segunda-feira, 5] pela Polícia Judiciária confirma o desaparecimento. Isto, confesso que me deixa um bocado irritada, porque como cidadã não gosto de ser tratada como pessoa com menos capacidade intelectual. Que as crianças estão desaparecidas, toda a gente já sabe. Nós queremos saber mais alguma coisa, pelo menos que dissessem: não está envolvido nenhum tráfico de crianças, ou não temos nenhum dado que aponte para aí”, diz.
À Morabeza, Lígia Fonseca confessa-se transtornada e assustada com a situação, principalmente por não ter ainda uma explicação.
A primeira-dama diz acreditar nas instituições do país e lembra que todos têm que prestar contas num sistema democrático. No caso dos desaparecimentos, Lígia Fonseca pede informações, pelo menos para descartar alguma contra-informação e para que as pessoas possam viver em segurança.
“Eu acredito nas instituições do país. Eu acredito que não é à toa que nós somos considerados internacionalmente uma das primeiras democracias. Se eu acredito nisto, acredito que as instituições funcionam. Se as instituições funcionam, elas têm a obrigação de nos dar informação sobre as coisas”, realça.
“E mais, eu preciso desta informação para saber que aquelas outras contra-informações, digamos assim, não são verdadeiras. Para saber que não andam a raptar crianças para fazer tráfico de órgãos, que não andam a raptar crianças para fazer tráfico internacional. A polícia tem que, pelo menos, descartar estas possibilidades para nós podermos viver em segurança”, insiste.
Ajuda internacional
Desde Novembro que três crianças desapareceram de bairros periféricos da cidade da Praia. O caso mais recente é o dos dois menores, de 11 e 9 anos, com paradeiro desconhecido desde sábado. Edvanea Gonçalves, de 10 anos, residente no bairro Eugénio Lima, está desaparecida desde Novembro do ano passado.
Há ainda o caso de uma jovem de 19 anos que terá desaparecido de casa com um bebé recém-nascido, em Agosto de 2017, também na capital.
A Primeira-dama considera que se está perante uma catástrofe e questiona o porquê de o país não ter accionado apoio internacional.
“Neste momento, temos cinco pessoas desaparecidas e eu pergunto: a cooperação internacional foi accionada? A cooperação não é só pedir dinheiro. Nós temos acordos de cooperação e os países hoje cooperam também em serviços. Se nós não temos determinadas especialidades de investigação, porque são coisas novas que nos surgem, o que é que custa pedirmos investigação de países que usualmente colaboram connosco?”, questiona.
Lígia Fonseca diz que o desaparecimento de pessoas no país não se pode transformar numa coisa normal e pede a adopção de medidas máximas para o seu combate. A primeira-dama afirma que as instituições devem assumir as suas responsabilidades e quem não o consegue fazer não deve estar onde está.
A entrevista completa a Lígia Fonseca poderá ser ouvida na próxima edição do Panorama 3.0