Os dados foram avançados hoje, em São Vicente, pelo Inspector-Geral do Trabalho, Anildo Fortes, no âmbito da conferência sobre saúde e segurança no trabalho. Em entrevista à Rádio Morabeza, o responsável destaca a pouca sensibilidade dos trabalhadores em usar os materiais de protecção individual e a própria postura de algumas empresas.
“Os trabalhadores ainda têm pouca sensibilidade para utilização dos equipamentos de protecção individual. Também as entidades empregadoras desculpam sempre com a situação financeira. A segurança é um custo mas mais vale investir para evitar acidentes graves, com casos de mortes ou amputações de membros, como aconteceu no ano passado”, alerta.
A nível da saúde, dados do INPS, apontados pela secretária de Estado para a inovação administrativa, dão conta que, na região do Barlavento, o maior número de patologias ligadas às doenças relacionadas com o trabalho são hérnias discais, traumatismos com fracturas ósseas, surdez e paralisia.
Edna Oliveira pede uma atitude mais pro-activa de toda a sociedade e reafirma o compromisso do Governo no reforço das medidas preventivas.
“Pelo que se torna imprescindível a criação de espaços para um debate aberto e franco sobre as questões de prevenção e segurança no trabalho, visando a criação de subsídios com vista à criação de medidas de política de promoção e prevenção em relação à saúde e segurança no trabalho, reduzindo assim a incidência e prevalência de doenças”, recomenda.
“Reafirmamos o compromisso do actual Governo no sentido de reforçar as políticas e medidas sobre a melhoria das condições de saúde, segurança e higiene no trabalho”, assegura.
Ambiente psicossocial
Em declarações à Rádio Morabeza, a inspectora do trabalho de Portugal, Cristina Rodrigues, uma das convidadas para a conferência, lembra que a questão da saúde e segurança no trabalho vai além das preocupações operacionais do ambiente físico. É necessário ver também a questão psicossocial.
“Cada vez há mais pressão para as pessoas trabalharem mais, para desenvolveram mais trabalho no mesmo tempo de serviço, exige-se que as pessoas trabalhem cada vez mais com os mesmos ou menos salário, há cada vez menos possibilidade de as pessoas articularem a sua vida no trabalho com a sua vida familiar, há cada vez horários mais alargados, há cada vez tarefas com maiores exigências. Enfim, há uma série de situações de trabalho que hoje em dia estão claramente identificadas como potenciadoras de riscos psicossociais”, aponta.
“E começa já a ser um grave problema, os riscos psicossociais nos locais de trabalho. Devo dizer que há uma realidade que começou já a manifestar muito e que antigamente, felizmente, não se manifestava, que é inclusivamente suicídios nos locais de trabalho”, alerta
A realização da conferência sobre saúde e segurança no trabalho é o culminar de uma série de actividades, do Governo, no âmbito de sétima semana nacional de prevenção e segurança no trabalho, sob o lema “prevenir é trabalhar em segurança e evitar acidentes”, que teve início no dia 23 de Abril.