Na mesma linha, o responsável quer ver implantados nos nove países que integram a organização conselhos de segurança alimentar.
"Defendo fortemente que a declaração final tenha uma recomendação forte para os países do bloco da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que implantem logo os seus conselhos de segurança alimentar e da mesma maneira aprovem legislação que garanta o direito humano à alimentação, como Cabo Verde já fez", disse.
O director geral da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) das Nações Unidas falava aos jornalistas, na cidade da Praia, no final de uma cerimónia em que foi condecorado, pelo chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca, com a Medalha de Mérito da República de Cabo Verde.
José Graziano da Silva vai participar, à margem da XII Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que terá lugar de 17 a 18 de Julho na ilha do Sal, na reunião do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSAN) daquela organização.
O responsável da FAO manifestou ainda a expectativa de que este encontro ajude "a aumentar a participação do sector privado e da sociedade civil nas políticas de segurança alimentar".
Sobre a condecoração que lhe foi atribuída por Cabo Verde, o director geral da FAO considerou tratar-se "do reconhecimento de mais de 40 anos de trabalho" da organização no país.
No âmbito da deslocação à cimeira da CPLP, José Graziano da Silva cumpre hoje uma agenda de contactos com as autoridades cabo-verdianas e de visitas na ilha de Santiago, seguindo ao final do dia para a ilha do Sal.
Durante a manhã assinou com o Governo cabo-verdiano um acordo de cooperação para promover maior resistência de pastores e agricultores aos períodos de seca.
José Graziano da Silva destacou que Cabo Verde deu "passos significativos" para implementar uma política de segurança alimentar e para ter políticas de prevenção da seca.
"Não podemos evitar uma seca, mas podemos evitar que se transforme em fome, em morte de animais e em emigração forçada de pessoas que não têm como sobreviver e as políticas que estão a ser implementadas em Cabo Verde têm sido muito significativas", disse.
O director geral da FAO sublinhou que a organização se dedica sobretudo à cooperação técnica, mas assinalou que desde 2012 contribuiu com cerca de 15 milhões de dólares para apoiar programas em Cabo Verde.
"Pretendemos continuar esse apoio porque Cabo Verde representa um exemplo de que é possível evitar que uma seca termine em fome", disse.
A XII Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que terá lugar de 17 a 18 de Julho na ilha do Sal, marca o arranque da presidência cabo-verdiana da organização lusófona.