Na mais recente edição da publicação “Mulheres e Homens em Cabo Verde – factos e números” (2017), diz o Instituto Nacional de Estatística que “publicar e analisar as estatísticas e indicadores desagregados por sexo é a forma mais efectiva para medir avanços nas relações de género”. O que os dados disponibilizados pelo INE deixam perceber em relação às esferas do poder em Cabo Verde é que o desequilíbrio de género é ainda gritante, não se vislumbrando em nenhum sector - seja da política, seja da Justiça ou mesmo a nível da sociedade civil (ONGs e Associações Comunitárias de Base) – algo que se aproxime da paridade.
“Apesar dos esforços feitos para aumentar a participação das mulheres nas esferas de decisão, a predominância dos homens em instâncias do poder mantém-se”, aponta a literatura que acompanha as estatísticas referindo aos 23.6% de mulheres para 76.4% de homens no parlamento; aos 29% de deputadas municipais para 71% de eleitos municipais; ao 0.0% de mulheres presidentes de Câmara Municipal para 100% de homens e, saindo da esfera política, aos 35% de mulheres líderes de empresas para 65% de homens chefes de empresas, ou aos 11.1% de dirigentes femininas de ONG e ACB contra 88.9% de dirigentes masculinos (dados do INE).
A mesma fonte dá conta da única situação de equilíbrio, no Supremo Tribunal da Justiça, onde três mulheres dividem o poder com quatro homens. Já no que se refere ao número de procuradores, há nove mulheres e 18 homens nesse cargo.
Considerando estas estatísticas como ponto de partida para dar visibilidade aos factores que ilustram as disparidades entre mulheres e homens, os responsáveis pela sua compilação acreditam que estas possam “orientar os processos de tomada de decisões a nível de políticas”.