O Acto Central da Comemoração do Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho realiza-se na manhã desta quarta-feira, nas novas instalações da Sede do Conselho Local da Praia, no Paiol. Nos Conselhos Locais do Sal, São Vicente, Brava, Fogo e São Nicolau serão igualmente realizadas actividades alusivas ao dia.
Como explica o presidente da Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV) o lema Amor foi decido pelos órgãos do movimento, nomeadamente o Comité Internacional da Cruz Vermelha e a Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, e vai guiar toda a acção da Cruz Vermelha durante o ano de 2019. “Para este ano o lema é o Amor no seu sentido mais lato possível. O amor para as pessoas, o amor com as pessoas, o amor nos afazeres e nas acções. Queremos durante todo o ano com este lema mostrar toda a dimensão humana da intervenção da Cruz Vermelha nesta óptica do amor”, enfatiza Arlindo Carvalho.
Este responsável recordou que desde a sua criação em 1975, primeiro como associação e depois como sociedade nacional a partir de 1984, a CVCV, derivando do seu próprio estatuto, tem actuado em Cabo Verde como auxiliar dos poderes públicos em vários domínios do campo humanitário e social. “É o mandato que temos e é neste âmbito que a Cruz Vermelha tem vindo a intervir aqui no país. No campo social trabalhamos mais, porque o país, e ainda bem, se encontra livre da situação de conflitos armados e a missão prioritária de uma Cruz Vermelha é intervir nesses casos. Então desenvolvemos actividades a nível comunitário e a nível social”.
Assim a CVCV tem sob a sua responsabilidade 11 jardins infantis, 9 centros da terceira idade, dois dos quais dois são lares – um em São Vicente que funciona 24 sobre 24 horas, e um outro em Tarrafal de São Nicolau que funciona também a tempo inteiro. “Temos mais projectos. Temos, por exemplo, a nível do país, centros de consulta para doenças crónicas como diabetes e hipertensão, trabalhamos com a questão do álcool, da droga, etc. Mas a Cruz Vermelha tem intervenções em vários outros domínios, nomeadamente a nível do meio ambiente, prevenindo. Desenvolvemos acções de formação sobre a gestão de riscos, catástrofes e desastres. Trabalhamos também com a resiliência das comunidades”, enumera.
Entretanto, um dos maiores projectos do novel presidente da Cruz Vermelha, cujo mandato se iniciou em Outubro de 2017, é a informatização dos jogos sociais, que é a maior fonte de receita da Cruz Vermelha. Aliás, como realça Carvalho, a Cruz Vermelha ficou lesada, porque não conseguiu introduzir a tempo as novas tecnologias, na abordagem de várias questões da instituição que dirige. “Nós estamos a fazer esse trabalho. E os jogos socias estão a caminhar bem. Já agora posso adiantar que uma das grandes reivindicações dos apostadores era que fosse feita a extracção directa dos números do totoloto na televisão e vamos começar dia 12 deste mês”.
Com a informatização dos jogos, a CVCV pretende eliminar o sistema actual das apostas que se baseia num processamento mecânico e com uma logística muito pesada. “O perfil actual não se coaduna com a realidade dos jogos. Queremos acabar com ospapéis e reduzir o tempo de entrada das apostas e mesmo facilitar a vida dos apostadores de outras ilhas. Por exemplo, no caso da Brava, jogam até quarta-feira, Boa Vista parece que é até quinta. Mesmo aqui na Ilha de Santiago, somente na Praia é que se consegue jogar aos sábados até às 20 horas e não em todas as agências”.
Desenvolvimento institucional da organização
Arlindo Carvalho reconhece que havia toda uma prática humanitária da Cruz Vermelha em Cabo Verde, desenvolvendo acções junto da sociedade civil e apoiando instituições do estado, mas faltava uma direcção orientadora.
“A Cruz Vermelha é uma Sociedade Nacional, não é uma ONG. Temos de trabalhar com os poderes públicos, com as empresas e com outras organizações da sociedade civil, sobretudo de base comunitária. Faltava, portanto essa direcção. Encontramos uma certa confusão entre aquilo que é pertença entre espaço de actuação dos órgãos superiores e os órgãos de base comunitária. Mas também havia certa confusão, entre aquilo que é governance e aquilo que é gestão. E tivemos que fazer essa separação. A nível da Cruz Vermelha, em todos os países o modelo é único. Há a governance que normalmente é liderada pelos voluntários e há toda a administração que é assegurada por profissionais. Há um conjunto de regras e princípios que regem essas entidades. Portanto, tivemos que trabalhar essa dimensão. Há uma outra questão que trabalhamos quando descobrimos que apesar de todo esse tempo de existência da Cruz Vermelha, faltava ainda muita coisa. Sobretudo a nível de normas, de regras, de princípios e regulamentos. Então trabalhamos essa dimensão. Dotamos a Cruz Vermelha de uma orgânica própria de políticas humanitárias aprovada pelos órgãos superiores e de instrumentos de gestão também aprovados pelos órgãos competentes. Neste quadro podemos dizer que cumprimos uma boa parte”, frisou o responsável.
Para Arlindo Carvalho, tendo sido trabalhado o perfil institucional da CVCV, torna-se agora mais fácil mobilizar recursos para financiamento dos projectos em carteira.
“Tivemos que definir as políticas, montar toda uma estratégia de parceria a nível nacional e internacional e apresentar os projectos. Neste momento estamos na fase de apresentação dos projectos e posso dizer que já temos alguns projectos bem colocados e há uma recepção muito forte a nível dos nossos parceiros”, avançou.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 910 de 08 de Maio de 2019.