Como conta Lidiane Oliveira, médica responsável por esta campanha na Clínica Urgimed, aquela organização Comunitária entrou em contacto com a clínica e propôs uma doação, “para fazer a cobertura dos exames de mamografia de uma forma gratuita a pessoas com atestado de pobreza ou que beneficiam de assistência social”.
Assim, mulheres que não têm possibilidade de pagar o exame (que custa 3800 escudos), tiveram acesso à mamografia gratuita.
A maioria das utentes atendidas fez exame de despiste, e foram encaminhadas para a Urgimed por entidades que costumam colaborar com a clínica, a este nível, nomeadamente a Câmara Municipal de São Vicente, a Delegacia de Saúde, a Morabi , OMCV e a VerdeFAM.
“São associações que lidam com essa camada mais desfavorecida”, conhecem as suas necessidades e vulnerabilidades, aponta a médica.
Chegados à clínica, Lidiane que coordena a campanha, confere as informações, certificando-se que essas senhoras realmente não têm “disponibilidade financeira para cobrir o exame”. “Tentamos ser o mais criteriosos possível”, garante.
Esta campanha teve também o apoio da Enacol, SA, que ajudou “a dar cobertura também no costeio do exame” e da Unitel T+ “que fez a divulgação da campanha através de mensagens para os seus utentes”, conta Lidiane Oliveira.
Mulheres mais sensibilizadas
Lidiane Oliveira lida diariamente com mulheres que fazem mamografia. E observa que “as cabo-verdiana estão a começar a adoptar a educação para a saúde, no sentido de fazerem o rastreio precoce; no sentido de se prevenirem, com as consultas de rotina”.
Essa maior atenção das mulheres consigo mesmas e sua saúde tem tido pois reflexos na procura de mamografias. Mas, embora no resto do ano, haja uma adesão razoável de mulheres ao rastreio do cancro da mama, é nesta época que a procura mais aumenta, fruto das campanhas de sensibilização.
Parceria Público Privado
A verdade é que os hospitais e o próprio sistema público de saúde não tem conseguido dar resposta atempada às marcações. E apesar de algumas declarações dos governantes nesse sentido, ainda nada foi efectivado para tornar o sistema de saúde privado num parceiro do público, nomeadamente através de comparticipações aos segurados.
Questionada sobre uma eventual parceria, Lidiane Oliveira coloca a tónica na melhoria na qualidade de saúde dos desfavorecidos. Aliás, o exemplo desta parceria com a a House Wives Productionz, que já trabalhou também com o HBS, mostra, no seu entender os benefícios destas parcerias.
“A campanha tem sido bem sucedida e esperamos que seja uma parceria duradoura porque a população de São Vicente - e inclusive tivemos casos vindos da ilha de Santo Antão” também ganha. E essas causas sociais são importantes.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 933 de 16 de Outubro de 2019.