Durante o seu discurso, Jorge Carlos Fonseca disse que os cabo-verdianos são uma rede de pessoas, que tem, no seu seio, gente altamente qualificada, gente integrada, que tem como referência um exíguo território e uma cultura em transformação que extravasa esse espaço e amplia esse território.
“Somos artistas de sucesso, cientistas de renome, desportistas bem-sucedidos, empresários bem estabelecidos, profissionais de reconhecido mérito nas mais diversas áreas do fazer e do saber”, aponta no discurso, entretanto publicado na sua página de Facebook.
Entretanto, lembrou, não se pode esquecer os desempregados “amontoados em subúrbios, os excluídos”. Por isso, continuou, a integração das comunidades cabo-verdianas nos países de acolhimento tem sido uma das suas prioridades.
“Registo com satisfação o esforço do Governo no sentido de aproximar cada vez mais a diáspora da terra-mãe e continuarei a exercer a minha magistratura de influência nessa direcção, concedendo uma atenção particular a comunidades que se encontram em situação especialmente precária”, prometeu.
Jorge Carlos Fonseca sublinhou que para além de um espaço de grande apoio à emigração cabo-verdiana e uma janela para a modernidade, Senegal foi “igualmente importante” para a afirmação de Cabo Verde como país independente, num contexto de “grande complexidade”.
O Chefe de Estado realçou ainda a sua distinção, sexta-feira, com o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Cheick Anta Diop, dedicando o título aos cabo-verdianos no país e na diáspora.
Na mesma ocasião, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva afirmou no seu discurso de abertura que a Gala é um “momento de orgulho nacional”.
“Celebramos cidadãos cabo-verdianos e descendentes de cabo-verdianos que se distinguem nos países onde vivem, na política, na alta gestão, nas ciências, na investigação, nas tecnologias, nas universidades, nas artes, na cultura, no desporto e no empreendedorismo social”, considerou o governante no discurso publicado no site do Governo.
De acordo com a mesma fonte, a gala foi também uma oportunidade para partilhar “importantes iniciativas do governo”, nomeadamente, o Estatuto do Investidor emigrante que entrará em vigor a partir do próximo ano; o anúncio da realização do primeiro congresso de quadros da diáspora do sector da saúde, a ter lugar em Abril do próximo ano, em S. Vicente, assim como o aumento de ligações aéreas com o continente africano através da Cabo Verde Airlines com voos regulares Sal/Lagos/Washington, para breve.
Conheça os homenageados
No quadro Ciência e Tecnologia foram distinguidas Hélène Yapo Etté da Costa do Marfim e Maria Isabel Andrade, de Moçambique. Hélène Yapo Etté é fundadora do Instituto de Medicina Legal da Costa do Marfim. Maria Isabel Andrade é cientista alimentar, nascida na ilha do Fogo e foi co-vencedora do Prémio Mundial da Alimentação de 2016.
Para Cidadania e Educação foram homenageados Corinne Kourouma- Koly, da Guiné Conacri, e Euclides Vieira, da Guiné-Bissau. Não tendo representação oficial de Cabo Verde em Conacri, conforme uma fonte oficial, Corinne Kourouma- Koly apoia as autoridades cabo-verdianas.
Por sua vez, Euclides Vieira é representante da TACV na Guiné-Bissau desde Outubro de 2001 e pró-activo na área social, apoiando “sobremaneira” a comunidade cabo-verdiana local e várias delegações oficiais e empresariais nas deslocações ao país.
No quadro da Cultura, Guilherme Carvalho, de São Tomé e Príncipe, e Mix Teixeira, do Senegal, foram os destacados. Guilherme Carvalho é, de acordo com a mesma fonte, artista plástico, compositor, guitarrista e cantor e tem vindo a colaborar em vários projectos de preservação e dinamização da cultura cabo-verdiana e são-tomense, em parceria com ONG’s e associações.
Por seu turno, Mix Teixeira é responsável pela organização de vários eventos culturais ligados a Cabo Verde como por exemplo, a Organização de “Miss Cabo Verde- Senegal” em 1995, 1996, 1997 e 2004.
Albertina Gonçalves, do Senegal, e Marcelino Sanches, de São Tomé e Príncipe, foram homenageados na categoria desporto. Albertina Gonçalves apoia e recebe quase todas as delegações desportivas de Cabo Verde no Senegal.
Por outro lado, Marcelino Sanches, ex-Ministro da Juventude e do Desporto de São Tomé e Príncipe, foi reconhecido pelo seu contributo na promoção e dinamização do desporto no seio da comunidade cabo-verdiana em São Tomé.
Finalmente, na categoria Empreendedorismo, foram destacados Isabel dos Santos, de Angola, e Christiane Diaw, do Senegal. Isabel dos Santos trabalhou como Jornalista no Jornal Voz di Povo e é sócia de uma empresa de transporte de valores e de uma empresa de Consultoria Internacional.
Christiane Diaw, de origem cabo-verdiana, é proprietária da Kiki Traiteur SARL, a primeira empresa de catering profissional do Senegal.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 941 de 11 de Dezembro de 2019.