Maria Helena Maurício dos Santos fez esta afirmação, à margem do encontro anual entre a Empresa Nacional de Produtos Farmacêuticos (Emprofac) e os responsáveis das farmácias de Sotavento, reiterando que este ano houve muitas rupturas de medicamentos e continua a falhar.
Relativamente ao abastecimento do mercado, considerou este ano “bastante difícil” para as farmácias, sendo que foi marcado por muita oscilação e não conseguiram atingir o objectivo da acessibilidade dos medicamentos aos doentes na “hora certa”.
Na sua opinião, essas dificuldades estão relacionados com a falta de organização, de iniciativa, mas também pelo facto do sistema estar ainda “preso” num modelo bastante antigo de monopólio do mercado, onde se “um falhar todos também falham em simultâneo”.
Na ocasião, o PCA da Emprofac disse que para ultrapassar os constrangimentos de ruptura de stock, a empresa teve de recorrer a outros mercados para a aquisição de medicamentos em outras línguas, medida essa que, segundo Maria Helena Maurício dos Santos, não é normal e vai contra a legislação cabo-verdiana.
“Isso não é normal, até porque vai contra a lei, mas não havendo medicamento preferimos que estejam desde que a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) autorize. Mas, mesmo assim, continua a haver falhas”, avançou a responsável, lembrando que durante este ano registaram ruptura de medicamentos em vários sectores, nomeadamente a nível respiratório, nas insulinas, medicamentos para hipertensos e não só.
Maria Helena Maurício dos Santos informou ainda que não é a primeira vez que tem tido este tipo de problemas, mas realçou que este ano foi pior e pode estar relacionado com o contexto internacional, mas também com esse modelo de monopólio que é muito antigo.
Por sua vez, o presidente do conselho da administração da Emprofac, Gil Évora, reconheceu que este ano foi “bastante difícil”, mas assegurou que a situação já está normalizada.
Segundo este responsável, a indisponibilidade de medicamentos no segundo trimestre afectou as vendas na Emprofac, nas farmácias no país e provocou transtornos a nível nacional.
O PCA da Emprofac explicou que Cabo Verde é abastecido pelo mercado português e brasileiro e que quando são confrontados com problemas de escassez e abastecimento o país é afectado directamente, e daí a necessidade de recorrer a outros mercados, nomeadamente belga, italiano, francês, senegalês e marroquino, depois do parecer da Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERiS), sendo que esses medicamentos não têm folheto informativo em português.
Tendo em conta que os folhetos desses medicamentos estavam em língua inglesa e francesa, avançou que a Emprofac fez a tradução e a mesma foi certificada pela ERIS.
“Qualquer indisponibilidade de medicamentos é grave, cabe-nos a nós colocar um plano operacional no sentido de superar essa indisponibilidade. Foi a primeira vez em Cabo Verde que foram introduzidos medicamentos em outras línguas e devido à gravidade do problema, a ERIS deu-nos essa autorização excepcional”, referiu, realçando que sempre que houver situações de ruptura vão recorrer a esses mercados.
Apesar de 2019 não ser um ano tão bom, avançou que a previsão é que em empresa registe um crescimento à volta dos 6%.