Interditados voos de Portugal, EUA, Brasil e outros países

PorExpresso das Ilhas,17 mar 2020 11:13

Primeiro-Ministro anunciou esta manhã que está declarada a Situação de Contingência ao nível da Protecção Civil em Cabo Verde. Interdição de voos, a partir de amanhã, é uma das medidas já avançadas. O anúncio foi feito Encontro Alargado entre o Governo e a Sociedade Civil, que teve por objectivo envolver a todos no combate comum ao Covid-19.

"Temos de fazer face a esta ameaça da melhor forma", exorta o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, lembrando que este é um desafio de todos os cidadãos de Cabo Verde.

"Nenhum sistema de saúde está formatado para responder a pandemias deste tipo" e, face à dimensão do surto que se vive, "é desígnio nacional proteger-nos e proteger o país", diz.

Assim, e devido ao aumento exponencial dos casos na Europa e Brasil, o "Governo declara situação de contingência".

Novas medidas serão adicionadas ao plano de contingência já em curso, avança o chefe do executivo. Algumas dessas medidas foram já enunciadas, por Ulisses Correia Silva, nomeadamente a interdição de voos com Portugal, EUA, Brasil, Senegal e Nigéria e todos os países europeus assinalados com a epidemia de COVID-19.

Nas interdições é feita uma excepção para voos cargueiros e de regressos de cidadãos estrangeiros.

"Evacuações médicas urgentes e abastecimentos de medicamentos, materiais e consumíveis hospitalares em regime de urgência serão acautelados e assegurados em regime de voos sanitários."

Entretanto está proibida a "acostagem de navios cruzeiros e navios veleiros e o desembarque de passageiros nos portos de Cabo Verde. Proíbe-se [também] o desembarque de passageiros chegados aos portos de Cabo Verde em navios de carga, pesca e similares".

As interdições entrarão em vigor amanhã, com duração de pelo menos três semanas.

Já a finalizar a sua comunicação, o Primeiro-ministro apelou ao contributo de todos nessa luta.

"Contamos com todos, cada um pode fazer a diferença. A nossa vida social não vai continuar a ser a mesma..."

Participaram neste encontro do governo com a Sociedade Civil as Confissões Religiosas, ONG, Corpo Diplomático, Organismos Internacionais acreditados no país, Universidades, Comunicação Social, deputados da nação, Câmaras Municipais, Polícia Nacional, Protecção Civil e a Cruz Vermelha.

O encontro foi agendado no quadro de implementação do Plano Nacional de Contingência imposto pela pandemia COVID- 19.

Outras intervenções

O primeiro a tomar palavra foi Artur Correia para quem este encontro marca um passo fundamental no combate ao Covid-19. O Director Nacional de Saúde enunciou outros passos dados, destacando o Plano de Contingência que se encontra em fase de implementação e a capacidade laboratorial de resposta ao Covid-19 já disponível.

Apesar do trabalho feito pela DNS e Ministério da Saúde, e de os profissionais estarem mobilizados "para responder a este desafio”, Artur Correia assinalou que a “vigilância nos pontos de entrada tem de ser melhorada qualitativamente e quantitativamente”.

Em representação das ONGs, Jacinto Santos, destacou por seu turno, o papel importante que as rádios comunitárias podem ter na prevenção da transmissão da doença e diz que a plataforma das ONGS, a que preside, vai cancelar as actividades previstas em que participem mais de 50 pessoas.

O papel da comunicação social é também reforçado pelo Presidente da AJOC, Carlos Santos. "Sensacionalismo e pânico é tudo o que os cabo-verdianos não precisam", apontou o jornalista. Em defesa da classe, referiu que jornalistas e órgãos nacionais "não têm o hábito de transmitir informações não confirmadas" e querem fazer parte da solução desta crise.

Igreja Adventista e Igreja do Nazareno também estiveram representadas e fizeram apelos às suas comunidades religiosas. Os Nazarenos, conforme avançou David Araújo, reduziram as actividades, mas vão manter, para já, os cultos.

"Estamos em guerra realmente", alertou, por seu turno, o representante da Organização Mundial de Saúde. Hernando Agudelo recordou que os casos registados na China já foram superados por aqueles encontrados fora do território chinês. Actualmente, são os países europeus os mais afectados, apontou. Neste momento, não há um tratamento específico para combater a infecção por Covid-19 e a OMS "está a facilitar a investigação para vacinas e a ajudar os países para que tenham uma melhor capacidade de resposta". Também o representante da agência das Nações Unidas com a tutela da Saúde, coloca a tónica na importância da vigilância epidemiológica que apelida de "fundamental neste combate".

"Contem com o nosso contínuo apoio não só dá OMS como de todo o sistema da ONU", reiterou.

Da parte dos municípios, Manuel de Pina, presidente da ANMCV, refere que "o mundo enfrenta um adversário complicado pelo quase total desconhecimento que temos sobre ele" e apela à solidariedade. "O egocentrismo do ser humano deve ser repensado", disse. De acordo com o autarca, a Associação de Municípios está a acompanhar a situação, e, neste momento, é "importante um diálogo assertivo e franco entre todos".

O presidente da ANMCV, que é também edil de Ribeira Grande de Santiago relembra o impacto que a pandemia terá na economia do país. "A economia vai, forçosamente, passar por dificuldades não previstas, sequer, há dois meses".

Num outro registo, o apelo deixado é que se cumpram as regras de higiene, algo "crucial" no combate ao surto.

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Autoria:Expresso das Ilhas,17 mar 2020 11:13

Editado porSara Almeida  em  14 dez 2020 23:21

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