“O regresso às aulas do 12.º ano foi tranquilo, algumas escolas só vão receber os alunos a partir de amanhã (quarta-feira), porque temos que criar as condições em termos de distanciamento e higienização dos espaços, mas a maioria das escolas já estão a receber os alunos”, disse a responsável, em declarações à agência Lusa.
O Ministério da Educação está a implementar o programa educativo “Aprender e estudar em casa”, que é uma alternativa ao encerramento das escolas desde 20 de Março, para impedir a transmissão de COVID-19 no arquipélago.
O programa, que consiste em aulas na televisão, na rádio e noutras plataformas, pretende fazer com que os estudantes mantenham o vínculo com o meio educativo e o contacto com os docentes e os conteúdos de ensino-aprendizagem, enquanto estão em casa por causa das restrições impostas para evitar a propagação do novo coronavírus.
Entretanto, os alunos do 12.º ano retomaram as aulas presenciais no país na segunda-feira, tendo em conta a sua preparação para exames finais nas disciplinas nucleares de entrada no ensino superior.
A Directora Nacional da Educação frisou que a frequência a essas aulas é facultativa, tendo por objectivo a conclusão de um ou outro conteúdo do terceiro trimestre e preparar os alunos para as provas, que se iniciam a 06 de Junho próximo.
As aulas presenciais para o 12.º ano não se aplicam às escolas da ilha de Santiago, a única que permanece em estado de emergência, até 29 de Maio.
Em Cabo Verde, estão matriculados para o ano lectivo 2019-2020 um total de 12 mil crianças na educação pré-escolar, 114.883 na educação escolar pública, sendo 83.499 no ensino básico obrigatório (1.º ao 8.º ano) e 30.096 no ensino secundário (9.º ao 12.º ano), dos quais 5.552 são do 12.º ano de escolaridade.
Instada a fazer uma avaliação do programa “Aprender e estudar em casa”, que começou a 27 de Abril, a Directora Nacional da Educação disse que tem o feedback tem sido “muito positivo”, já que os alunos estão a ter contacto com os professores, com os conteúdos e com a escola.
“Aqui convém ressaltar o importante papel, engajamento e entrega por parte dos professores para poderem apoiar os seus alunos das mais diferentes formas”, prosseguiu a responsável educativa, indicando que as aulas remotas têm tido entre 9 a 15 mil visualizações diárias.
O programa tem sido, entretanto, bastante criticado pelo presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINDEP) cabo-verdianos, Nicolau Furtado, considerando que não é prioridade em Cabo Verde no momento e que muitos alunos não têm conseguido assistir as aulas.
Em reacção, Eleonora Sousa disse que o Ministério da Educação abraçou o desafio com “sentido muito grande de responsabilidade” e está a trabalhar com as zonas de difícil acesso, onde os professores distribuem fichas das aulas aos seus alunos.
“Nós estamos a fazer todos os possíveis, junto com os nossos parceiros, com as Câmara Municipais, com os professores que moram nas zonas onde não chega o sinal. Estamos a fazer de tudo para que nenhum aluno fique de fora”, assegurou.
A Directora Nacional de Educação disse que esta situação imposta pela COVID-19 veio mostrar que há outras ferramentas que devem ser maximizadas no processo de ensino e aprendizagem, pelo que será uma alternativa para o futuro.
Depois desta fase, Eleonora Sousa disse que o Ministério da Educação vai estudar em que moldes que poderá rentabilizar esta nova estratégia de apoiar o processo de ensino e aprendizagem.
“Mas, na verdade, veio para ficar”, garantiu a directora à Lusa, pedindo a todos aos alunos para “aproveitem ao máximo esta oportunidade” de ensino à distância e aos do 12.º ano para que tenham sucesso nas provas.
Cabo Verde regista 335 casos de COVID-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (276), Boa Vista (56) e São Vicente (3).
Do total, 85 doentes foram dados como recuperados, três acabaram por morrer, dois turistas estrangeiros infectados regressaram aos países de origem e permanecem assim activos 245 casos de COVID-19 no país.
A ilha de Santiago é a única que permanece em estado de emergência, pelo menos até às 24h00 do dia 29 de Maio, e a cidade da Praia o centro da pandemia no país, com 270 casos acumulados.
Na ilha da Boa Vista, onde se registou o primeiro foco da doença em Cabo Verde, a 19 de Março, do acumulado de 56 casos de COVID-19 apenas dois permanecem activos.
Em São Vicente o único registo é de três pessoas da mesma família que contraíram a doença, mas que ainda em Abril foram dados como recuperados.