O presidente do SINDEP defende que o ensino a distância não é uma alternativa que sirva os alunos, por considerar que não existem condições humanas e materiais que permitam a sua concretização. Nicolau Furtado lamenta que, neste processo, não tenham sido auscultados os professores, nem os pais e encarregados de educação.
“O sistema de educação a distância é um cenário impraticável em Cabo Verde. Por isso era obrigação do Ministério da Educação auscultar os sindicatos, os professores, os pais e encarregados de educação antes da tomada de qualquer decisão, já que se quer uma educação cujo lema é ‘juntos pela qualidade sem deixar ninguém para trás’. O Ministério da Educação devia pensar que nem todos os alunos têm as mesmas condições económicas, e nem os professores estão preparados para o uso de metodologia do ensino a distância”, aponta.
Relativamente aos alunos do 1º ao 11º ano de escolaridade, o SINDEP sugere o início das aulas no fim do estado de emergência, prolongado até o dia 2 de Maio nas ilhas com casos positivos de COVID-19, e proceder às avaliações nos mesmos moldes mediante critérios claros e bem definidos.
“A preocupação maior prende-se com os alunos do 12º ano de escolaridade que são candidatos às bolsas aqui e no estrangeiro. Na impossibilidade de se concluir o terceiro trimestre proceder-se-á a avaliação baseada nos primeiros trimestres anteriores e determinar a média”, indica.
O Ministério da Educação já garantiu que está a avaliar todos os cenários possíveis para conclusão deste ano lectivo. Em entrevista, na noite desta quinta-feira à TCV, a ministra Maritza Rosabal apontou que a primeira opção é o reinício das aulas de forma presencial logo a seguir ao término do estado de emergência. Nesse cenário, a governante esclarece que as aulas terminariam o mais tardar a 31 de Julho, com ajustes em termos de conteúdo e do sistema de avaliação.
No período em que os alunos estão sem contacto com o meio escolar, Maritza Rosabal refere que a ideia é começar a transmissão de programas de ensino-aprendizagem através da rádio e televisão, um sistema desenhado para manter os estudantes em contacto com o contexto educativo. A ministra avança que o levantamento já foi feito para se conhecer o acesso dos alunos, nomeadamente à electricidade, à televisão e à rádio.
O líder do Sindicato Nacional dos Professores lembra que a situação é diferente em todo o país.
“Nem todos os alunos têm electricidade, nem todos os alunos têm condições logísticas, para além de instrumentos como a internet, computador, televisão, rádio”, recorda.
Na sua comunicação feita esta quinta-feira ao país, para anunciar o prolongamento do estado de excepção, o Presidente da República apontou três cenários para o término do ano lectivo: abertura das escolas, ensino a distância ou término imediato do ano escolar. O chefe de Estado disse que qualquer que seja a opção, ninguém pode ficar para trás.
Cabo Verde regista 56 casos confirmados de COVID-19, sendo 51 na ilha da Boa Vista, 4 na cidade da Praia e 1 em São Vicente.