Jogos Sociais : Cruz Vermelha entra na era digital

PorAndre Amaral,17 out 2020 9:01

O governo concessionou os jogos sociais à Cruz Vermelha e à Feel – Global Soidarity Foudation Cabo Verde, uma fundação sediada em Espanha. A Cruz Vermelha fica com os ‘tradicionais’ Totoloto, Joker e Lotaria Nacional a que junta o Totobola. Contrato de concessão já foi publicado no Boletim Oficial.

Os contratos de concessão têm, em ambos os casos, a duração de vinte anos durante os quais tanto a Cruz Vermelha de Cabo Verde como a Feel se comprometem a canalizar para projectos sociais os lucros gerados pela exploração dos jogos.

Para Arlindo Carvalho, presidente da Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV), a concessão dos jogos sociais vai permitir fazer uma mudança total no sistema que até agora vigorou no sector dos jogos sociais. “É uma mudança de sistema. Até agora tudo era manual, pese embora suportado por algumas ferramentas ligadas às novas tecnologias”.

O novo sistema que vai ser aplicado “vai revolucionar o jogo. Vamos deixar de funcionar com papéis, com recurso a meios de transporte para fazer circular os boletins, com os agentes. Todo o sistema vai mudar porque vamos trabalhar numa plataforma só. Uma plataforma com duas saídas mas suportado pela internet”.

A chegada desta nova era aos jogos geridos pela CVCV vai permitir que “qualquer apostador que queira apostar nos jogos pode fazê-lo a partir de sua casa” deixando assim de ser obrigatória a posse de um boletim físico para validar a aposta. Isto só se torna possível, com a utilização de novas tecnologias. “Através de um telemóvel, de um tablet, de um PC ou recorrendo às caixas Vinti4”.

Num país arquipelágico as dificuldades em fazer transportar boletins das várias ilhas para a sede da CVCV já, por diversas vezes, causou polémica. Um problema que, garante Arlindo Carvalho, vai deixar de existir. “Vamos ter um outro sistema que tem a ver com os terminais. Tendo em conta a realidade do país muitas pessoas não conseguem recorrer à internet ou se o fazem é com algumas limitações”, por isso é que aquela instituição vai continuar a apostar na existência de terminais físicos nas agências “mas com suporte totalmente digitalizado. Isto significa que uma pessoa vai à agência, faz as suas apostas através de um aparelho que está no local e, de imediato, as informações relativamente às apostas vêm cair aqui na sede e fica o registo da aposta”. E explica o presidente da Cruz Vermelha de Cabo Verde que os novos terminais que vão ser colocados nas agências de apostas “vão ter um scanner que faz a leitura do boletim, uma impressora e um computador”.

Este novo sistema, na opinião de Arlindo Carvalho, vem igualmente acabar “com uma certa injustiça entre as ilhas. Numas ilhas pode-se jogar até quarta-feira, noutras até quinta-feira, mas Santiago pode jogar até ao último dia. Porquê? Porque o sistema é manual, implica a mobilização de boletins que depois são transportados por via marítima ou aérea e o novo sistema vai acabar com isso”.

Além de terminar com essa diferenciação o novo sistema vai também possibilitar a “uma pessoa que esteja longe de uma agência ou fora do país jogar através do seu telemóvel”.

Este é um sistema que, explica o presidente da CVCV, “em tudo semelhante” aos que existem “nos EUA ou na Europa e vai permitir que qualquer apostador que queira apostar antecipadamente ou durante um certo período o sistema vai permitir e se quiser fazer uma aposta aleatória o sistema vai jogar e a pessoa recebe o comprovativo da sua aposta”.

Mais apostas, melhores prémios, mais investimento social

Já para o director do departamento de jogos da Cruz Vermelha de Cabo Verde, Avelino Gonçalves, este novo modelo de jogos gerido por aquela instituição abre boas perspectivas para o crescimento do número de apostadores e, por consequência, para um aumento do valor dos prémios a serem atribuídos.

“Nós entendemos que com a automatização vamos ter um aumento do número de apostas. Quanto ao valor em si temos cálculos para consumo interno mas temos elementos que nos dão o possível valor que vamos arrecadar com a automatização”, explica aquele responsável, sem querer entrar em detalhes.

Arlindo Carvalho complementa a resposta dizendo que com o aumento esperado de apostadores vai haver igualmente um maior investimento nas áreas de actuação da CVCV.

“Quando uma pessoa joga, mesmo perdendo, está a contribuir porque cerca de 50% dos recursos vão ser investidos directamente nos projectos sociais implementados pela Cruz Vermelha, pela sociedade civil ou pelo governo que decidirá como investir essas fatias. Vamos ganhar muito com estas novidades e com a eliminação dos factores de custo como é o caso do transporte dos boletins”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 985 de 14 de Outubro de 2020.

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Autoria:Andre Amaral,17 out 2020 9:01

Editado porAndre Amaral  em  23 jul 2021 23:21

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