“O que nos comprometemos com o Governo de Cabo Verde foi em arranjar uma solução em que o Estado de Cabo Verde não tivesse despesa e nós, enquanto empresa, não tivéssemos despesa. Atingirmos o breakeven [equilíbrio financeiro], é o nosso objetivo”, afirmou, em entrevista à Lusa, na Praia, Nuno Pereira.
O grupo foi escolhido pelo Governo cabo-verdiano, após consulta ao mercado, para assumir a partir de hoje uma concessão emergencial, de seis meses, do serviço público de transporte aéreo de passageiros interilhas. A escolha foi anunciada na sexta-feira pelo Governo, perante a ausência, há várias semanas, de bilhetes e voos agendados pela Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV, do grupo espanhol Binter) a partir de 17 de Maio – num aparente diferendo com o Governo, reclamando apoios financeiros devido ao impacto da pandemia de covid-19 -, sendo esta a única que operava, há quase três anos, as ligações aéreas internas.
À Lusa, o director-executivo do grupo angolano garantiu que a operação que arrancou hoje, e que nesta primeira semana prevê 30 voos, entre todas as ilhas de Cabo Verde, foi montada em apenas 15 dias e que apesar das dificuldades do sector, com forte quebra na procura no último ano, devido à ausência de turismo, o estudo de mercado realizado sugere que continua a ser “um negócio bastante apelativo”.
“Nós temos a nossa operação muito bem organizada, com contenção de custos, com eficiências técnicas e operacionais, porque como é óbvio não podemos perder dinheiro. Mas a ideia também não é vir ganhar muito dinheiro e isso é reflectido pelo preço dos bilhetes. Vão baixar, vão ser mais baratos, essa é a ideia”, afirmou Nuno Pereira.
“Esse foi o nosso compromisso com Cabo Verde. Foi trazer soluções de transporte a um preço que seja equilibrado e condicente com a situação actual que o mundo vive”, acrescentou o director-executivo da companhia.
O grupo BestFly resulta de uma empresa de origem familiar criada em Angola, tendo como acionistas o empresário angolano Mário Palhares e o general João de Matos (1955-2017), que foi chefe do Estado-maior General das Forças Armadas angolanas, cujos herdeiros continuam accionistas da companhia, e que opera ainda em geografias como Dubai, República do Congo ou Portugal.
A operação em Cabo Verde, onde o grupo afirma ter uma empresa própria, arrancou com o operador BestFly Angola, enquanto aguarda a certificação da Autoridade de Aviação Civil (AAC) como operador cabo-verdiano, e com uma aeronave ATR72-600, prevendo a chegada da segunda, que começou hoje o processo de manutenção, até final de Junho.
“Só não chega mais cedo por causa da manutenção a que está a ser sujeita, tão logo esteja pronta vem para Cabo Verde”, garantiu, assumindo que o objetivo da BestFly no arquipélago é “continuar após os seis meses” do contrato de concessão emergencial.
“Foi fantástica a colaboração das autoridades cabo-verdianas. A Agência da Aviação Civil deve ser um motivo de orgulho, não só para os cabo-verdianos, mas para todos os africanos, porque demonstraram que são uma autoridade com capacidade, com diligência e com muito profissionalismo”, concluiu.