Paulo Monteiro falava esta sexta-feira durante a conferência “A intervenção da Inspecção-Geral das Actividades Económicas no Contexto da Pandemia COVID-19”, no Instituto Superior das Ciências Jurídicas e Sociais.
A IGAE, segundo disse, está sob ”muita pressão” e é preciso sangue frio quando se trata da questão do horário de funcionamento. Isto, devido à paralisação dos estabelecimentos de Março a Junho de 2020.
“Querem fechar mais tarde para poderem ganhar mais. São os bares, as discotecas, que nós chamamos de operadores económicos de diversão nocturna para quem até ainda vigora a proibição de funcionamento”, explicou.
Mas, segundo Paulo Monteiro, para além dos horários de funcionamento, há o problema de lotação que não se cumpre.
“Se a resolução determina o funcionamento até às 21h00 ou até às 23h00, quando vai a equipa conjunta de fiscalização às 23h30 ainda estão abertos e põem lotação mais do que o permitido. Então, é encerrado o estabelecimento. O processo é feito, vai para a IGAE e o inspector-geral depois tem de dar despacho de suspensão e multa. É complicado gerir esta cidade e os operadores económicos”, confessou.
O acesso e a permanência nos espaços interiores e exteriores, a higienização e a desinfecção dos espaços, a ventilação, o distanciamento físico e a protecção dos grupos de risco são outros desafios que se impõem à IGAE.
Aliás, informou, foram “inventadas” festas no interior de Santiago com códigos e a Inspecção Geral das Actividades Económicas já conhece os códigos.
Conforme Monteiro, o problema dessas festas é a não utilização de máscaras e a falta de higienização por parte dos jovens que podem levar a doença para os grupos de risco que tanto podem ser os pais, os avós ou os vizinhos.
“A variante inglesa é mais contagiosa e mais letal. Tanto é que há mais mortes agora. Estamos a tentar limitar ao máximo essas festas e proteger os grupos de risco. Entre a fiscalização, a sensibilização e a consciência dos jovens há um caminho a ser percorrido”, frisou.
No que se refere à utilização de máscaras, o inspector-geral disse que há muitas reclamações da protecção individual e a lotação dos transportes colectivos de passageiros.
Reorientação da actividade Operacional
Nas suas declarações, o inspector-geral da IGAE enunciou que a situação epidemiológica no país e o seu impacto na saúde e na economia exigiu uma rápida reorientação da actividade operacional da instituição de modo a dar resposta aos aspectos mais prementes.
No entanto, a IGAE não tem muitos recursos humanos e tem de contar com a colaboração dos parceiros nas ilhas como as Delegacias de Saúde e a Polícia Nacional.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1018 de 2 de Junho de 2021.