Estudantes timorenses sentem-se bem integrados em Cabo Verde

PorAntónio Monteiro,16 out 2021 10:01

São ao todo 41 estudantes timorenses que chegaram a Cabo Verde no ano lectivo 2016/17. Para saber da sua experiência universitária o Expresso das Ilhas conversou com o Adido da Educação da Embaixada de Timor-Leste em Portugal, e com mais dois recém-licenciados que foram unânimes em enaltecer a qualidade do ensino superior em Cabo Verde.

Cabo Verde de país emissor de estudantes para o estrangeiro passou a receber estudantes de diferentes países que procuram o nosso país para a realização de intercâmbios de curta duração ou para cursos de licenciatura, mestrado ou mesmo doutoramento.

O maior contingente é seguramente formado por estudantes timorenses que, ao abrigo de um protocolo de intercâmbio entre os dois países, chegaram a Cabo Verde, em 2016.

Ao todo são 41 alunos que estudam em diferentes instituições do ensino superior tanto na Praia (19) como em S. Vicente (21).

“Em Julho de 2016 enviamos um primeiro grupo de 20 alunos e dois meses depois chegaram mais 21”, disse ao Expresso das Ilhas Rosalino Leo Lesso, Adido da Educação, na Embaixada de Timor-Leste, em Portugal.

Rosalino Lesso reside actualmente na Praia para acompanhar os timorenses que estudam nas nossas universidades.

Volvidos 5 anos, mais de metade dos alunos já concluiu os estudos superiores a regressaram já ao país de origem. Até Março do próximo ano os últimos estudantes terão regressado a Timor-Leste.

O Adido Cultural contou ao Expresso das Ilhas que os estudantes timorenses estão bem integrados na nossa sociedade e por isso manifestou a vontade de tudo fazer para facilitar a vinda de um maior número de estudantes.

“Cabo Verde é um país tranquilo, a vida social tem muitas semelhanças com Timor-Leste. Então esta situação facilitou, mais do que em qualquer outro país, a integração dos nossos estudantes no ambiente social e académico de Cabo Verde”, explica Rosalino Lesso.

Obstáculos

O principal obstáculo com que se deparam os estudantes timorenses é o domínio da língua portuguesa, mas, acrescenta, esta dificuldade foi em parte superada com a frequência durante três de um curso de língua portuguesa no Instituto Camões de Língua Portuguesa. Revelou também que o uso do crioulo no dia-a-dia ajudou os estudantes a aperfeiçoarem mais o português devido à semelhança entre o português e o crioulo.

“O crioulo ajuda muito no domínio do português, pois a maioria das palavras do crioulo têm raiz na língua portuguesa”.

Os alunos timorenses estudam em diversas áreas como direito, ciências socais, matemática e biologia. Alguns vão ser professores e os outros servidores do Estado.

“Há alunos estudando direito, porque quase a maioria da legislação timorense foi feita por juristas cabo-verdianos. Em Timor-Leste quase todos os assessores jurídicos são ou eram cabo-verdianos”, revela o Adido da Educação.

Os estudantes timorenses chegaram a Cabo Verde no ano lectivo 2016/17 no quadro da Cooperação entre o Ministério da Educação destes dois países, Timor-Leste e Cabo Verde.

Onélia Mendes dos Santos

A nossa reportagem conversou com dois recém-licenciados timorenses na Uni-CV. Onélia Mendes dos Santos concluiu a licenciatura em ciências biológicas vertente ensino e já está de malas aviadas para o regresso ao seu país.

“Com os conhecimentos que adquiri ao longo dos meus estudos em Cabo Verde vou dar o melhor possível para o desenvolvimento do meu país em termos de educação”, diz Onélia.

A jovem timorense diz que depois de pouco tempo da sua chegada à Praia já se tinha adaptado ao novo ambiente académico e feito amizades fora do campus universitário.

“Pouco tempo depois da minha chegada, consegui fazer amizade com estudantes cabo-verdianos, mas também com pessoas fora da comunidade académica”.

Onélia parte com saudades de Cabo Verde, mas não põe de lado a ideia de um dia regressar à Praia para rever velhos amigos.

“Não sei se vou voltar ou não, mas do fundo do meu coração gostaria de voltar aqui para ver como é que Cabo Verde está a andar”, confidencia.

Bernardino Amaral

Bernardino Amaral, 24 anos, concluiu a licenciatura em sociologia também na Uni-CV.

“Os professores da Uni-CV são muito competentes e são muito referenciados entre nós”, avalia os conhecimentos que lhe foram transmitidos durante os seus 5 anos de estudo.

Bernardino diz que além dos conhecimentos adquiridos, teve oportunidade de conhecer uma nova cultura e conseguiu integrar rapidamente na sociedade cabo-verdiana.

“Os cabo-verdianos são muito simpáticos, são pessoas simples e amáveis”, refere Bernardino. Ressalta que não teve nenhum tipo de choque cultural pois, nas suas palavras, a cultura dos dois povos é muito semelhante.

“As pessoas quando se encontram na rua, falam-se, cumprimentam-se e isso facilitou a minha integração”, frisa. Tal como a sua colega, Bernardino irá trabalhar no seu país na área do ensino. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1037 de 13 de Outubro de 2021. 

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Autoria:António Monteiro,16 out 2021 10:01

Editado porDulcina Mendes  em  20 jul 2022 23:28

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