Freitas entende que o tema deve ser colocado no centro do debate sobre o desenvolvimento sustentável.
“Porque faz com que os serviços públicos urbanos não sejam eficientes, competitivos e viáveis. Há uma perda enorme de oportunidades que vamos tendo ao longo do tempo se não organizarmos bem o território”, explica.
O arquitecto defende que a solução passa pela gestão urbanística, através da concentração da população nos aglomerados, das conexões entre as localidades, “de modo a potenciar a complementaridade entre os bairros”.
O preenchimento dos vazios urbanos, conforme indica, é fundamental.
"Habituamo-nos a ser, quase todos, especuladores imobiliários, porque acabamos por adquirir terrenos onde não construímos e, quando não construímos, fica o vazio enquanto a pessoa está à espera que esse território se valorize, para poder ter ganhos económicos. Esse é o único objectivo, muitas vezes. Temos que acabar com isto”, refere.
O arquitecto considera que a resposta é, sobretudo, jurídica.
“Esta situação já aconteceu em muitos outros locais e já foi resolvido. Temos que estudar aquilo que é um dos pilares fundamentais, o jurídico, analisar esta questão e resolver o problema da especulação imobiliária”, diz.
César Freitas recomenda, no que se refere à venda de terrenos, que seja adoptada a política de venda apenas de espaços infra-estruturados.
“Temos muitos terrenos que já foram vendidos e que não foram infra-estruturados. É tempo de reverter o processo, porque vamos herdar mais ónus para infra-estruturar terrenos que não vão ter uma consolidação suficiente para fazer com que essas infra-estruturas sejam rentáveis”, adverte.
O Fórum Pensar São Vicente 2035 decorre na zona de Ribeira de Julião, em espaço especialmente montado para o efeito. O evento acontece de 19 a 21 de Janeiro, sob o lema “Transformar São Vicente numa ilha atractiva, dinâmica e competitiva".