Nuías Silva, que participou na apresentação do atlas da lista indicativa de Cabo Verde – Unesco, referiu que a classificação do núcleo histórico de São Filipe, “com os seus aspectos singulares e excepcionais traços culturais e arquitectónicos”, a património da humanidade seria um selo adicional à Reserva Mundial da Biosfera, que o Fogo ostenta desde Outubro de 2020, para o “grande desbravar da ilha” em termos de atracção turística de qualidade.
“O centro histórico de São Filipe, património cultural nacional desde 2012, está indicado desde 2004 e actualizado em 2016 na lista indicativa e com o processo em curso de requalificação e aprovação do novo código de postura municipais que impõem aos proprietários dos sobrados a sua preservação, não só da fachada, mas dos aspectos que estão na classificação nacional do centro histórico de São Filipe estaremos a criar condições para numa eventual visita da Unesco e São Filipe possa ser destacado neste particular”, advogou Nuías Silva.
O mesmo apontou que se está a requalificar a praça do Presídio e que as obras já iniciaram na parte do desnivelamento para repor à estrada o seu traço original e desencravando o sistema de drenagem que existia antigamente e que até finais de Outubro será lançado o concurso para a construção da praça com demolição das casas de banho que foram construídas na extensão frontal do Presídio e a sua deslocação para outra zona com menos impacto visual.
A ideia é retomar em cerca de 90 por cento o traço arquitectónico do Presídio já que não é possível recuperar a totalidade, acrescentando que outras requalificações serão realizadas para criar impacto, não só de qualidade de vida para as pessoas que visitam e vivem aqui, mas para mostrar o empenho do poder local, juntamente com o poder central, e da sociedade na preservação das excepcionalidades da cidade.
Nuías Silva mostrou-se satisfeito com a contemplação do centro histórico no atlas da lista indicativa que dá conta do panorama significativo e extraordinário de bens culturais e naturais com pistas para o trabalho de recuperação e revalorização do património.
“O atlas é um elemento importante não só como um inventário, mas também como um directório para a criação de novos quadros de referência para futuras candidaturas cabo-verdianas à lista de património mundial”, disse Nuías Silva, lembrando que a topo-génese do centro histórico de São Filipe confunde-se com o povoamento de Cabo Verde.
No dizer de Nuías Silva uma eventual classificação do centro histórico de São Filipe a património mundial projectaria e valorizaria, para além das fronteiras nacionais, a imagem de Cabo Verde.
Segundo o mesmo, São Filipe é uma “urbe de futuro, que cada dia caminha para a sua modernidade e o seu desenvolvimento”, mas é também “um lugar de memórias e de narrativas, de afirmação da insularidade e da diásporicidade cabo-verdianas, de um dos centros simbólicos da cabo-verdianidade”.