Maria Júlia de Pina, na qualidade de mãe da vítima procurou a comunicação social para manifestar o seu repúdio e revolta com a sentença.
O atropelamento ocorreu na estrada de Almada, saída norte da cidade de São Filipe, por volta das 02:00 da madrugada do dia 24 de Dezembro de 2021 quando uma viatura de marca Toyota starlet com três pessoas, incluindo o condutor, todos dos Mosteiros, regressava àquele município.
Após o atropelamento a viatura deu meia volta e o condutor certificou de que tinha atropelado uma pessoa, mas seguiram sem reportar o caso às autoridades.
O condutor foi indiciado por dois crimes, homicídio negligente e omissão de auxílio, e os dois companheiros do crime de omissão de auxílio.
A sentença que deixou Maria Júlia de Pina revoltada foi proferida a 27 de Dezembro de 2022 e condenou o condutor da viatura, pela autoria material e na forma consumada de um crime de homicídio negligente, previsto e punido pelo artigo 126º nº 1, conjugado com o artigo 14º alínea b), todos do Código Penal a uma pena de dois anos de prisão, suspensa na sua execução por um período de três anos a contar do trânsito em julgado da referida sentença, assim como no pagamento das custas do processo.
Quer o condutor como os dois outros acompanhantes que estavam indiciados pela prática, como autores materiais e na forma consumada, de um crime de omissão de auxílio, previsto no artigo 158º nº1 e 2 do Código Penal, foram absolvidos.
Maria Júlia de Pina explicou que não era sua intenção denunciar a situação, mas que sente-se injuriada e revoltada e que está triste com a morte do filho na véspera do Natal de 2021 e sobretudo com as circunstâncias como ocorreu o atropelamento, adiantando que os mesmos mentiram duas vezes ao tribunal.
O que a deixou revoltada é o facto dos mesmos terem voltado ao local e certificar de que o seu filho estava morto e depois abandoná-lo na estrada como animal e sem informar as autoridades.
“Não há justiça para um ser humano que foi morto na estrada por uma viatura. Estou triste com o tribunal, esperava uma justiça melhor e não apenas três anos de pena suspensa”, disse a mãe da vítima, sublinhando que foi “uma justiça de gozo e de injúria e que todos os condutores podem matar na estrada e que não acontece nada”.