Carmen Barros fez esta consideração após visita ao Pavilhão Seixal, na cidade de Sal Rei, onde se encontram os 90 migrantes da costa ocidental africana, que deram à costa no farol do Morro Negro, na zona norte da ilha da Boa Vista, no dia 15 de Janeiro, a bordo de uma piroga, 25 dias após a partida da Gâmbia.
“A situação em que se encontram é muito sensível e delicada, sendo certo que a maior parte são homens adultos, mas há ainda também mulheres e menores”, afirmou, observando que situações de emergência humanitária deste género implicam e impressionam pelo nível de vulnerabilidade que revelam.
Segundo a mesma, a equipa da AAI veio a Boa Vista com algumas informações disponibilizadas pela autarquia local, pelo técnico social da edilidade, mas também pela Polícia Nacional, através da Direcção de Estrangeiros e Fronteira.
Apesar de indicar que tinham uma ideia, Carmen Barros considerou que a visita ao espaço onde se encontram os migrantes foi algo que a tocou, pela de complexidade da mobilidade a nível internacional e todos os aspectos que levam as pessoas a sentirem-se forçadas a saírem dos seus países e a arriscar a vida no mar para novas oportunidades.
A presidente da AAI indicou que foram feitas adaptações no espaço para questão da privacidade, no caso das mulheres.
“Ninguém esperava que apareceriam 90 pessoas em situação de emergência e penso que a nível local as entidades responderam de forma muito humana e de forma muito eficiente relativamente a este fenómeno”, disse, referindo-se a unanimidade das pessoas quanto ao “bom tratamento” dispensado aos migrantes, nomeadamente na limpeza, higiene, alimentação, cuidados de saúde e simpatia.
“Penso que o melhor que se poderia fazer foi feito e efectivamente vendo e falando com as pessoas, sendo que chegamos dez dias depois do acontecimento quando os desafios já se tinham acalmado”, declarou a mesma fonte, para quem há desafio como “melhorar a nível institucional” a forma como o País e as pessoas lidam com este tipo de situações de emergência.
Para a mesma, isto também é um alerta pela forma como o país vê, acolhe e recebe as migrações, ao mesmo que, notou, a visita reforçou os esforços na colaboração da câmara municipal na assistência a estas pessoas.
Entretanto, Carmen Barros frisou que o País precisa estar “melhor preparado” e terá que “definir melhor os circuitos” de actuação das surpresas de emergência, de forma a conseguir “identificar minimamente” os espaços de actuação.
Ainda sobre a agenda de trabalhos da presidente da AAI à ilha Boa Vista, Carmem Barros manteve encontros com as lideranças associativas, e, na sexta-feira, 27, participará no acto de abertura da Unidade Local de Apoio a Imigração, presidida pelo ministro da Família e Inclusão Social, Fernando Elísio Freire, que, igualmente, deverá efectuar uma visita aos migrantes.