Em declaração à imprensa momentos após a sessão solene de comemoração aos 48 anos de Independência de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva reconheceu o valor da independência como um ganho para todos os cabo-verdianos, resultado do esforço e da luta de várias gerações que sonharam com a liberdade.
“Há todo o período que veio a acontecer depois da independência, tivemos 15 anos de regime de partido único, que acabou por impactar muito daquilo que foi o país. Quando falamos de partidarização da administração pública é preciso não esquecer que antes o Estado e o partido eram a mesma coisa, portanto ainda temos resquícios dessa época”, disse.
O primeiro-ministro sublinhou que a transição para a democracia e a liberdade colocou Cabo Verde em “uma nova Era” de modernização e respeito internacional, reconhecendo que o percurso de desenvolvimento ainda apresenta “desafios significativos”, mas elogiou a resiliência e a capacidade de superação do povo cabo-verdiano.
O Chefe do Governo referiu que o país tem enfrentado crises graves nos últimos anos, a pandemia, o impacto da guerra na Ucrânia e a inflação. Apesar desses desafios, Ulisses Correia e Silva chamou a atenção para os progressos alcançados desde 2016, como a redução da pobreza, o aumento das oportunidades de emprego e formação para os jovens, além do avanço nas qualificações da população.
“Há desafios enormes, ninguém deve ignorar que de 2020 até agora nós temos estado a viver períodos de crises muito graves e isto impacta todos os países do mundo e não deixará de impactar um país com as suas vulnerabilidades como Cabo Verde, estou a falar da pandemia, do impacto da guerra na Ucrânia e da inflação e, mesmo assim, o país teve progressos”, alertou.
No entanto, o primeiro-ministro reconheceu a necessidade de fazer política de maneira diferente.
“É preciso fazer política com menos acusações, suspeições, como caracterizar o governo de gente pouco séria. Isso é que nós temos estado a verificar e é preciso também identificar muito bem quem faz este tipo de política, nós não nos sentimos representados nesta forma de política, quem assiste o parlamento vê, de facto, os discursos políticos desde 2016 tem sido no sentido de muita suspeição, acusação e poucas alternativas e propostas. Nós iremos continuar focados naquilo que é o nosso papel, de governar e de fazer a democracia funcionar”, disse.
Ulisses Correia e Silva aproveitou ainda para reafirmar o compromisso do governo em superar os desafios e acelerar as transformações necessárias para o futuro de Cabo Verde, realçando a importância de preservar a democracia e promover um Estado transparente e responsável.