Nesta segunda-feira, 23, o administrador da CVTelecom pela área técnica, Francisco Almeida, revelou, durante uma conferência de imprensa, que decorre uma investigação forense para apurar as causas e a origem do ataque cibernético à empresa, ocorrido na madrugada do dia 19.
Segundo este responsável, inicialmente o ataque afectou os serviços de SMS, mas à medida que a investigação avançou, ficou claro que outros serviços da empresa também foram impactados.
No entanto, Almeida enfatizou que “em nenhum momento, determinados serviços foram afectados plenamente, como seja o serviço móvel e o serviço de IPTV”.
“Nós estamos a falar de um incidente malicioso e criminoso e, como tal, paralelamente a todo o trabalho de normalização, assiste-se aqui à necessidade de uma investigação de carácter forense, que decorre neste momento. É o que possa avançar e, seguramente, será conclusivo em termos de apuramento das causas e da origem”, frisou.
O administrador para a área técnica também assegurou aos clientes que todos os serviços serão restabelecidos, com foco na continuidade do atendimento e afirmou que a empresa adoptou medidas rigorosas para isolar o problema e garantir a segurança dos serviços.
“Nós estamos a desenvolver um trabalho, como disse, de investigação, paralelamente ao processo de restabelecimento do serviço, e, até ao momento, não temos indícios nenhuns de que esses dados (dos clientes) tenham sido comprometidos”, referiu.
ARME monitora acções correctivas da empresa
Também na segunda-feira, a ARME anunciou que iniciou uma investigação para entender o ataque cibernético contra a CVTelecom e monitorar as acções correctivas adoptadas pela operadora.
Segundo um comunicado da agência reguladora, ao tomar conhecimento deste incidente, a entidade encetou imediatamente as devidas diligências para se inteirar do sucedido e acompanhar, igualmente, as medidas correctivas adoptadas pela operadora com vista à resolução do ocorrido.
“Tudo porque os operadores devem adoptar medidas adequadas à prevenção, gestão e redução de riscos para segurança das redes e serviços, visando, em especial, impedir ou minimizar o impacto dos incidentes de segurança nas redes interligadas, a nível nacional e internacional, e nos utilizadores, em conformidade com o estatuído no nº 1 do artigo 52ºB do Regime Jurídico Geral aplicável às redes e serviços de Comunicações Electrónicas”, lê-se.
Depois de auscultar a operadora CVTelecom e de esclarecer as causas que levaram à perturbação dos serviços, bem como o tempo de restabelecimento dos mesmos, a ARME garantiu que nos termos das suas competências, adoptará medidas que se impõem, ao abrigo da lei.
Este não é o primeiro ataque de pirataria informática em larga escala a acontecer em Cabo Verde. Em Novembro de 2020 os serviços da Rede Tecnológica Privativa do Estado (RTPE) foram temporariamente suspensos após um ataque de Ransomeware.
Na altura, em declarações ao Expresso das Ilhas, o PCA do NOSi, Carlos Pina, referiu que havia indícios de que se tratava de “uma rede criminosa internacional que tem células espalhadas por vários países” e que, apesar de não haver evidências nesse sentido, estava em aberto “a possibilidade de podermos, eventualmente, ter alguma célula em Cabo Verde”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1143 de 25 de Outubro de 2023.