A Inforpress auscultou moradores de Assomada, de diversas zonas e profissões diferentes, que demonstraram ter as mesmas reivindicações quando solicitam mais oportunidades para os jovens, desde a criação de empregos a investimentos nas actividades desportivas, mas também nas questões relacionadas com o saneamento no município.
Maria Salomé é uma santacatarinense que elogiou o clima de paz reinante no município, algumas infra-estruturas que têm sido feitas no município, atraindo mais investimentos. Ao mesmo tempo pede uma maior atenção dos governantes locais e centrais no sentido de criar mais oportunidades de emprego. Sustenta que a camada jovem não tem certeza do que lhes reserva o futuro nesta matéria, assim como os que já têm alguma idade e que vivem da agricultura e pecuária porque este sector se encontra incerto, a seu ver.
“Os jovens precisam de ter um horizonte mais aberto a nível do emprego, sendo necessário dar-lhes mais oportunidades porque de nada vale estudar para não ter emprego e mesmo nós que já estamos vividos e que trabalhamos na agricultura e pecuária o dia de amanhã é incerto devido à escassez das chuvas e os consecutivos anos de seca”, declarou.
Lamentou as condições do saneamento, sugerindo que é necessário “pegar forte” nesta área, justificando que não vale de nada construir grandes prédios, criar infra-estruturas e não apostar no saneamento.
“Há vários pontos estratégicos aqui na cidade que precisam de uma fiscalização mais rígida, porque ficamos expostos ao lixo diariamente e isso não traz uma boa imagem para a cidade e mesmo em alguns pontos fora do centro, mas que ainda estão dentro da cidade deparamos com situações do tipo”, discorreu esta residente.
José Martins é outro jovem que considera que o município está num ritmo de desenvolvimento razoável. Como sugestões de melhoria, apela a uma maior atenção à requalificação das estradas, alertando para a situação “precária” que se encontram as vias, principalmente da localidade de Achada Riba e arredores, mas também da manutenção das estradas no interior da cidade e dos semáforos que ainda se encontram inoperacionais.
Para os jovens, pede mais oportunidades de emprego, investimentos na área do desporto de forma a mantê-los ocupados e com opções saudáveis evitando assim casos de desvios para os males sociais que, segundo o mesmo, hoje estão cada vez mais visíveis na sociedade.
Entretanto, por ser oriundo de zona rural, pede a quem de direito que analise bem a situação das pessoas (maioria) que dependem da agricultura e da pecuária, reforçando que com os consecutivos anos de seca muitas famílias já começaram a ter dificuldades, principalmente as que dependem somente da agricultura.
Ana da Silva é uma santacatarinense um pouco mais jovem do que os outros entrevistados, mas mesmo assim corrobora da mesma opinião, defendendo a necessidade de se dar mais atenção à camada jovem, não deixando de lado as pessoas que vivem do sector primário.
Pois, relembrou que o município sempre teve potencial e foi marcado pelo grande movimento a nível da agricultura e a pecuária, exemplificando com a tradição que nasceu e encontrou da realização das feiras ao redor do mercado municipal nas quartas-feiras e nos sábados, onde, segundo a mesma, a afluência dos comerciantes tem vindo a diminuir em termos de produtos agrícolas e mesmo as variedades de produtos que apresentam aos clientes estão em números reduzidos.
Neste sentido, defende uma maior atenção para esta camada que, segundo a mesma, é a maioria dos santacatarinenses e que movimenta a economia do município, pedindo também algum investimento na área do saneamento, principalmente nos pontos estratégicos da cidade. Sugere igualmente o aumento do número dos contentores no centro da cidade e das localidades próximas, sem se esquecer de fazer a recolha atempadamente.
Quanto à questão do saneamento, a Câmara Municipal de Santa Catarina, adquiriu ainda este mês de Novembro, com o apoio do Fundo do Ambiente, um novo camião de lixo, com capacidade de armazenamento superior a 16 metros cúbicos, para reforçar a recolha de resíduos sólidos urbanos neste município do interior de Santiago.
Na ocasião da entrega do camião, o vereador do Ambiente e Saneamento, Vladmir Brito, avançou que o pelouro decidiu reforçar a recolha de lixo porta-a-porta no centro da cidade de Assomada, feito no período da tarde e no período de manhã os camiões concentram os trabalhos nos contentores de lixo, tanto em Assomada como noutras localidades do concelho, havendo a necessidade, faz-se recolha de lixo porta-a-porta e ainda nas empresas.
No que tange à juventude e à criação de oportunidades de emprego, no passado dia 10 de Novembro foram aprovados o plano de actividades e o orçamento do município para 2024, que ascende a um bilhão de escudos, onde a presidente, Jassira Monteiro, avançou que vai continuar a apostar nas famílias, na juventude, na criação de emprego, na empregabilidade, e que “é exequível” num período de 10 meses.
As festividades terão o seu ponto alto no dia 25, com uma procissão e missa em honra da santa padroeira, na Igreja Matriz com o mesmo nome, em Cabeça Carreira.
O município de Santa Catarina, no interior da ilha de Santiago, é o terceiro maior concelho de Cabo Verde, composto por 56 localidades e criado em 1834.
Com uma superfície de 243 quilómetros quadrados, é considerado um concelho rural, onde 86 por cento (%) da população vive em áreas rurais e essencialmente da agricultura de sequeiro, da criação de gado, da avicultura, da pesca e do comércio retalhista.
Ao longo da sua história, o concelho foi marcado pelas revoltas dos Engenhos de 1822, Fonteana em 1835, Ribeirão Manuel em 1910 e várias petições dirigidas ao Ministério do Ultramar por cidadãos de Santa Catarina nos anos de 1946, 1962 e 1970, para além da adesão de jovens e estudantes pela causa da independência de 1975 e pela democracia em 1991, que culminou com as primeiras eleições.