O acordo foi assinado pelo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, e pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, Ana Mendes Godinho, e prevê investimentos nas áreas do digital, metalomecânica, construção civil, turismo, transição energética e social.
“Portugal fará aqui, nos próximos dois anos, um investimento de quatro milhões de euros nestes centros de excelência na formação, com o objectivo de chegarmos a duas mil pessoas, e o objectivo é começar já em Janeiro”, traçou a ministra portuguesa.
O documento agora assinado é um dos três objectivos de um memorando sobre a mobilidade laboral que os dois países assinaram há um ano, que previa ainda a colocação de um adido português para estas questões em Cabo Verde, o que já aconteceu, e a criação de uma equipa conjunta das inspecções de trabalho para acompanhar os processos.
Tudo numa altura de uma grande procura de vistos e trabalho por parte de cabo-verdianos para Portugal e também de multiplicação de acções de recrutamento de empresas portuguesas no arquipélago, na sequência da ratificação do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da alteração da lei de vistos em Portugal.
Ana Mendes Godinho disse que a preocupação foi sempre realizar um trabalho conjunto e próximo com Cabo Verde, considerando, por isso, “crítica” esta aposta na formação profissional nesse país, para que a mobilidade “seja feita da melhor forma possível”.
“Apostando na valorização e nas competências das pessoas, de forma que seja também aqui um grande instrumento de crescimento e desenvolvimento de Cabo Verde”, salientou.
Frisando que centro de excelência é um “conceito”, Olavo Correia, disse que Portugal entra nesta fase como um “acelerador” do que já existe, para criar algo com mais qualidade e para chegar a mais pessoas.
A ideia, prosseguiu, é criar condições para que os jovens cabo-verdianos tenham certificação com reconhecimento internacional, podendo trabalhar no país e em qualquer parte do mundo.
“Mas nós temos que criar condições para que a mobilidade se faça com organização, com planeamento e com estratégia”, indicou o também ministro das Finanças e do Fomento Empresarial, para quem a mobilidade dever ser vista com “uma oportunidade”.
Para isso, entendeu que devem ser criados os instrumentos jurídicos tanto em Cabo Verde como em Portugal.
Quanto ao acordo, disse que é “transformador”, mas não deve ser visto apenas como formação de excelência, mas também capacitação, financiamento e mercado, em que vão ser aproveitados os centros já existentes, mas há possibilidade de construção de novos.
“Hoje, os jovens cabo-verdianos, muitos deles, não pedem um emprego, pedem oportunidade para criarem emprego para si e para os outros”, referiu Olavo Correia, avançando que o acordo envolve ainda formação de formadores, formação à distância e todo o plano curricular.
“Isto é um salto qualitativo importante para os jovens cabo-verdianos, um mar de oportunidades que se vai abrir”, insistiu o membro do Governo, esperando trabalhar ainda com outros parceiros internacionais na área da formação profissional.