ICCA volta a acompanhar crianças de Salamansa vítimas de violência sexual e suas famílias

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,13 jan 2024 14:56

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O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) está a acompanhar pela segunda vez as crianças de Salamansa vítimas de abuso sexual e alerta à população que a exposição é uma segunda violência cometida sobre as envolvidas.

Em entrevista à Inforpress, o delegado do instituto em São Vicente, Humberto Bruno Delgado, explicou que houve novo contacto com a família para tratar questões psicológicas das crianças, do caso que conheceu recentemente o desfecho do tribunal, que atribuiu ao arguido a sentença de quatro anos e oito meses de prisão, cuja execução da pena ficou suspensa, e indemnização de 250 mil escudos às vítimas.

O trabalho tem sido feito com as crianças, mas também com as famílias, já que nestes casos, concretizou, muitas vezes o ICCA constatou que a criança perde o seu espaço de sossego até dentro de casa, pelo mediatismo.

“Falámos com as famílias em relação às crianças em Salamansa, porque todos temos que ter um espaço, o nosso espaço de equilíbrio, ou de silêncio, de parar tudo e as crianças de Salamansa talvez nem dentro de casa tinham mais espaço e quando saíam à rua e eram objeto de comentários”, lamentou.

Além da exposição mediática, as redes sociais foram outros meios que ajudaram a propagar as informações sobre dados das crianças que, apesar “das pessoas poderem ter boas intenções”, transforma-se em mais um problema social, de acordo com o delegado do ICCA.

“Uma criança que já sofreu abuso sexual, quando exposta a estas situações, psicologicamente vai passar por uma série de provações, de olhares, críticas e será exposta a uma segunda violência”, explicou Humberto Bruno Delgado.

Mais do que criar julgamentos socias, o ICCA pretende sensibilizar a sociedade de forma a que as comunidades, os media e as autoridades as protejam de julgamentos e da exposição de detalhes que levem à identificação da vítima, para que o “nível de trauma” não seja alargado.

Foi neste sentido que, segundo Humberto Delgado, foi preciso chamar os pais para uma conversa antes da manifestação ocorrida na semana passada.

“Primeiro ligamos aos pais, antes da manifestação, para conversar, saber o que pensavam, se sabiam de todas as possibilidades, então chamamos um advogado para consultoria e seguir as etapas legais, mas já tinham acompanhamento jurídico”, frisou.

Além do acompanhamento psicológico das crianças, os pais também foram orientados a procurar apoio necessário para “falar” e evitar futuras “frustrações”.”

“A nível social, falar às vezes aumenta a frustração e a sociedade não consegue dar respostas em termos de inteligência e um bom direcionamento”, sublinhou Humberto Delgado, para quem o “desabafo” com pessoas não preparadas pode prejudicar ainda mais o processo.

Além disso, este responsável, que também é psicólogo, chama a atenção à sociedade para não levarem crianças a manifestações, especialmente ligados a casos sensíveis e que em casa a comunicação deve fluir abertamente com os filhos sobre estes temas e estimular os adolescentes a defenderem os próprios direitos.

“Tem que haver um equilíbrio entre idade, idade psicológica, maturidade e intervenção social”, esclareceu.

Além de denúncias sociais recebidas através da linha verde, o ICCA trabalha em parceria com a polícia judiciária, o ministério público, com a área da pediatria do hospital, que pedem acompanhamento da instituição em casos de suspeitas de negligência dos direitos inerentes ao Estatuto da Criança e do adolescente.

Segundo o delegado, os casos de abuso sexual são os crimes mais graves das denuncias que recebem.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,13 jan 2024 14:56

Editado porSheilla Ribeiro  em  2 mai 2024 23:28

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