Secretário de Estado dos EUA aponta Cabo Verde como exemplo de estabilidade

PorAndré Amaral,24 jan 2024 12:42

Na curta visita que fez, esta segunda-feira, a Cabo Verde o Secretário de Estado dos EUA destacou a importância que o continente africano tem para o seu país. Ulisses Correia e Silva quer reforçar parcerias com os EUA.

Para Antony Blinken, Cabo Verde é hoje “uma porta de entrada em África muito mais importante tanto para nós (EUA) como para tantos outros países”.

A declaração foi feita durante a visita ao porto da Praia onde o Secretário de Estado norte-americano, que sinalizou o final de uma passagem de pouco mais de duas horas por Cabo Verde.

Antes disso, Antony Blinken tinha estado reunido com o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e destacara o papel importante que o país tem tido como exemplo de estabilidade política numa região que tem sido assolada por episódios de instabilidade política e golpes de Estado.

“Para os Estados Unidos da América, Cabo Verde é verdadeiramente um farol de estabilidade na região, num momento de instabilidade e desafio”, referiu, dando ênfase ao trabalho feito por Cabo Verde na aplicação das leis, especialmente no que respeita ao combate ao tráfico internacional de drogas, “com a apreensão de mais de 30 toneladas de cocaína nos últimos anos.”

No encontro que manteve com Ulisses Correia e Silva, o governante norte-americano explicou que a visita a países africanos, que iniciou em Cabo Verde, e que só vai terminar em Luanda depois de passar pela Costa do Marfim e Nigéria, se realiza a pedido do Presidente dos EUA, Joe Biden, para quem, referiu Blinken, há uma ligação entre o futuro de África e o dos EUA.

Este périplo pelos quatro países “foca-se no compromisso e convicção do Presidente Biden de que os Estados Unidos e África estão a construir uma parceria para o futuro”, acrescentou.

“As vozes africanas moldam, animam e lideram cada vez mais o diálogo global”, apontou ainda Antony Blinken, garantindo que o seu país está comprometido em aprofundar, fortalecer e alargar as parcerias em África, “que beneficiam tanto os africanos como os americanos”.

Quanto ao porto da Praia, o Secretário de Estado norte-americano observou que o projecto de expansão, financiado pela Millennium Challenge Corporation, “gera empregos”. “Também pensamos que Cabo Verde se tornou cada vez mais um destino do turismo, para navios de cruzeiros, tudo isso graças ao trabalho que foi feito pelo MCC”, disse.

“Esta é uma parceria baseada, fundamentalmente, na partilha de valores, assim como partilha de interesses”, frisou, destacando o “facto extraordinário” de Cabo Verde ser o primeiro país a receber dois pacotes do MCC e ter sido seleccionado para um terceiro.

Mas, para Antony Blinken, há igualmente outras áreas de cooperação que podem ser desenvolvidas entre os EUA e Cabo Verde como é o caso dos sectores da saúde e segurança sanitária, economia azul ou segurança.

Reforço de parcerias

Já o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, defendeu durante o encontro que Cabo Verde deve reforçar parcerias com os EUA nas áreas da segurança marítima e da cibersegurança, numa perspectiva regional e global e com uma base estruturada e previsível. “Defendemos que a parceria para o desenvolvimento e para a segurança cooperativa devem andar juntas. É de interesse comum”, disse.

O primeiro-ministro, que definiu Cabo Verde como “um parceiro antigo e consistente dos EUA”, destacou a existência de “uma diáspora de milhares de cidadãos americano-cabo-verdianos orgulhosos das suas origens” e pediu ao Secretário de Estado norte-americano o regresso do Corpo da Paz a Cabo Verde como forma de massificar o ensino da língua inglesa, integrado numa estratégia para o desenvolvimento do potencial da conectividade turística, empresarial e académica, “num país aberto ao mundo e com elevado nível de liberdade económica”.

“Queremos reforçar as nossas relações ao nível do diálogo político e diplomático, da atracção de investimentos e exportação, da formação, ciência e tecnologia”, indicou Ulisses Correia e Silva.

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O périplo africano de Antony Blinken

Depois de Cabo Verde, Antony Blinken viajou para a Costa do Marfim, estando previstas para esta semana paragens na Nigéria e em Angola. As autoridades norte-americanas afirmaram que Blinken abordará uma série de questões nas suas paragens, incluindo a prevenção de conflitos e a estabilidade política após golpes militares em vários países nos últimos anos.

Apesar da intensa atenção dada às guerras em Gaza e na Ucrânia, os funcionários da administração Biden garantem que mantêm a intenção de reforçar os laços com as nações africanas, que possuem um vasto potencial económico e são um local de competição de grandes potências com a China e a Rússia. Prevê-se que África albergue cerca de um quarto da população mundial até 2050. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1156 de 24 de Janeiro de 2024.

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Autoria:André Amaral,24 jan 2024 12:42

Editado porClaudia Sofia Mota  em  6 mai 2024 23:29

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