Isabel Moniz avançou estas informações à imprensa, no final de uma marcha para assinalar o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, promovida pela Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais (Colmeia), na Cidade da Praia.
"O autismo não impede de ouvir suas palavras e de sentir seu amor", "Alguém com autismo ensinou-me o amor. Não é preciso palavras", "O autismo participa da nossa humanidade tanto quanto a nossa capacidade de sonhar", “O autismo não é doença é apenas uma diferença" "Nem todo ser humano é autista, todo autista é ser humano" "Quem não conhece as nossas lutas, não compreenderá os nossos motivos” são algumas das frases contidas nos cartazes da marcha.
“O objectivo da marcha foi cumprido porque conseguimos envolver a família na marcha, conseguimos também envolver os familiares na marcha, crianças, população e parceiros para entenderem do que se trata porque ainda temos crianças escondidas, famílias ainda no período de luto”, salientou.
Defendeu, neste sentido, a necessidade de se melhorar as respostas ainda para a questão do autismo, a deficiência, acrescentando ser necessário também que as escolas sejam cada vez mais sensibilizadas e envolvidas na causa e a necessidade de criaçao e oportunidades de emprego para pessoas com deficiência.
Referiu que neste momento está em curso a recolha da assinatura de uma petição a pedir a adopção de medidas legislativas, e outras, que conduzam à melhoria das condições de vida das pessoas com deficiência e, em especial, das pessoas com necessidades especiais
“Neste momento, estamos na recolha de assinatura para a petição que é uma série de respostas que ainda precisamos ter na sociedade, que tem a ver, por exemplo, com a estimulação precoce. Cabo Verde precisa trabalhar um serviço de intervenção precoce que, com uma equipa multidisciplinar e pluridisciplinar para dar respostas, não somente às crianças que nasceram com deficiência, mas também em termos de reabilitaçao”, realçou.
Sublinhou que a referida petição quer ver criada a devida legislação no sentido de se criar uma equipa multidisciplinar de intervenção com técnicos especializados, com a missão de acompanhamento de políticas públicas, no domínio da intervenção precoce, acompanhamento das pessoas com deficiências, durante todas as fases de desenvolvimento ou adaptação.
Lembrou, por outro lado, que Cabo Verde tem 29% da população que ainda precisa de algum tipo de resposta, indicando que está prevista a entrega da referida petição na Assembleia Nacional no próximo dia 16 deste mês e que a Colmeia pretende recolher cerca de três mil assinaturas.
“Neste momento, já ultrapassamos mil assinaturas, mas queremos conseguir ainda mais, tendo em conta que queremos esta petição seja apreciada e discutida pelos deputados nacionais, para que as medidas sejam cofiguradas em leis, nas diferentes areas de intervenção social”, disse, destacando que, não obstante, os avanços registados na sociedade cabo-verdiana em termos consciencialização sobre a questão da deficiência, ainda persiste a discriminação que precisa ser combatida.
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, com o propósito de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O autismo é uma condição de saúde caracterizada por desafios em habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal.