Trajados de negro, os estudantes proferiram palavras de ordem, a responsabilizar o Governo pelos constrangimentos no sistema de ensino. Aos microfones da Rádio Morabeza, Débora Fortes, aluna do 11º Ano, aponta uma série de razões que levaram os estudantes à rua.
“Esta manifestação acontece devido a muitas situações, nomeadamente a falta de professores, falta de conteúdos para disciplinas bianuais. Também temos problemas nas disciplinas em atraso do 9º e 10º anos, uma vez que o programa é diferente relativamente a época em que estudamos. Ou seja, vamos fazer as provas às cegas, sem noção do que vai sair. Também temos a questão do congelamento de notas. Muitos colegas ainda anãs tiveram acesso às suas notas. O sistema está a falhar connosco”, diz.
Alexandre Delgado, também está no 11º ano. A sua preocupação prende-se com falta de materiais para estudar para a realização de exames, nomeadamente na disciplina de literatura.
“Há dois anos introduziram Mandarim e Espanhol e ainda não há professores. Teremos um desfalque no nosso curriculum. Outra coisa, estamos no terceiro trimestre e em disciplinas como TIC e Literatura não há apontamentos. E vamos fazer um exame em Literatura que vale 30% da nota”, refere.
Em declarações à imprensa, o delegado do Ministério da Educação de São Vicente, Jorge da Luz, diz que ficou surpreso com a manifestação dos estudantes. Quanto ao congelamento de notas do segundo trimestre, o responsável afirma que apenas sete professores retiveram as avaliações do segundo período.
O delegado explica que não foi possível a abertura das disciplinas de Mandarim e Espanhol nas escolas, o que não tem implicação na avaliação dos alunos, mas reconhece a falta de programa para a disciplina de Literatura, no 11º Ano.
“Literatura é uma disciplina onde ainda temos alguma dificuldade porque ainda não temos o programa. Mas tem havido recomendações da Direcção Nacional da Educação e tem tido aquilo que é possível relativamente a essa disciplina”, explica.
Relativamente à alegada falta de professores, Jorge da Luz diz que a situação abrange uma turma numa escola básica, cujo professor titular sofreu um acidente, mas que está a ser substituído. O delegado do Ministério da Educação diz-se aberto a receber os alunos para os esclarecimentos sobre as preocupações expressas durante a manifestação de hoje.