Entre 2018 e 2022, conforme a directora Nacional de Saúde, os casos de suicídio no país apresentaram oscilações significativas. Ângela Gomes destacou que houve uma redução de 5,3% na taxa de suicídio entre 2013 e 2016 e uma redução de 7,8% entre 2016 e 2019. No período de 2010 a 2019, a taxa de suicídio diminuiu em cerca de 17,4% tanto entre homens quanto entre mulheres, embora haja mais tentativas entre as mulheres e mais casos consumados entre os homens.
Estatísticas recentes
Nos primeiros meses de 2024, Cabo Verde registou 22 casos de suicídio, com cinco ocorridos apenas em Abril. Estes números indicam uma tendência de aumento em comparação com os anos anteriores, o que, segundo especialistas, exige estudos aprofundados para entender melhor as causas deste fenómeno preocupante.
Dados do ministério da Saúde revelaram que, entre 2018 e 2022, houve uma média de aproximadamente 46,6 casos de suicídio por ano, com a maioria ocorrendo na cidade da Praia. Em 2018, foram registados 54 suicídios, o maior número do período analisado. Em 2019, houve uma redução para 41 casos, uma queda de 24%. No entanto, em 2020, os números subiram novamente para 49 casos, um aumento de 19%. Em 2021, houve uma diminuição significativa, com 37 casos registados, representando uma queda de 24% em comparação ao ano anterior. Em 2022, os números voltaram a subir para 52 casos, um aumento de 41%.
Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio
Para melhorar as intervenções no campo da saúde mental, a directora Nacional da Saúde explicou que a criação da Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio visa analisar os factores e sinais de risco de forma multissetorial. “As intervenções devem começar nas famílias, comunidades e escolas, onde devem saber que podem contar com profissionais de saúde em caso de necessidade”, afirmou Ângela Gomes.
A estratégia inclui a formação de uma comissão técnica intersectorial legalmente instituída, responsável pela implementação através de planos de acção anuais.
A representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Cabo Verde, Edith Pereira, enfatizou que o suicídio é um “grave problema de saúde pública” que requer “prevenção urgente” através da implementação de estratégias eficazes. Ela destacou que aproximadamente 800.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano globalmente, e que o “silêncio e o estigma” impedem que muitas pessoas procurem ajuda.
Ano da Saúde Mental
Em resposta ao aumento de casos, o governo de Cabo Verde designou 2024 como o “Ano da Saúde Mental”, propondo o reforço de programas de sensibilização e educação sanitária. Esta iniciativa será realizada em parceria com câmaras municipais, confissões religiosas e organizações da sociedade civil.
A implementação da Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio é uma resposta essencial para abordar este problema de saúde pública em Cabo Verde. Através da cooperação multissectorial e do apoio das comunidades, o país espera reduzir significativamente os índices de suicídio, promovendo um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os cidadãos, especialmente para os jovens que se mostram mais vulneráveis a este trágico fenómeno.
OMS
Em 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destinou a promoção da saúde mental como uma prioridade global urgente. A OMS sublinha que a saúde mental não é apenas a ausência de transtornos mentais, mas um estado de bem-estar que permite aos indivíduos lidar com o stresse, realizar suas habilidades, trabalhar produtivamente e contribuir para a comunidade.
A OMS destaca a importância de intervenções multissetoriais, que vão além do sector da saúde, incluindo educação, trabalho, justiça, transporte, meio ambiente e habitação, para abordar os determinantes individuais, sociais e estruturais da saúde mental. A promoção da saúde mental e a prevenção de transtornos mentais são vistas como áreas críticas de intervenção, com ênfase em estratégias eficazes que incluem programas baseados em escolas, apoio aos cuidadores, melhoria da qualidade dos ambientes comunitários e online, e promoção de ambientes de trabalho saudáveis (World Health Organization (WHO)) (The National Council).
Além disso, a OMS reconhece a necessidade de combater o estigma e o silêncio em torno da saúde mental, que muitas vezes impedem as pessoas de buscar ajuda. Globalmente, cerca de 800.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano, um problema que a OMS considera uma tragédia com repercussões significativas para famílias e comunidades. A organização defende a implementação de estratégias de prevenção ao suicídio, como limitar o acesso a meios letais, promover relatórios de mídia responsáveis, e programas de aprendizado social e emocional para adolescentes (World Health Organization (WHO)) (The National Council).
*com Inforpress
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1175 de 5 de Junho de 2024.