Os estimulantes sexuais são usados geralmente por homens adultos que sofrem de alguma disfunção sexual, mas nos últimos tempos tem se constatado, e a nível mundial, um crescente uso dessas substâncias entre os jovens.
A Inforpress procurou investigar se esta prática tem se verificado entre os jovens cabo-verdianos. Contactou dez jovens do sexo masculino na cidade da Praia, mas apenas três, com idade compreendida entre 22 a 25, aceitaram conversar e confessaram ter feito o uso de estimulantes para melhorar o desempenho sexual.
Bruno e Fábio (nome fictício) de 23 e 25 anos, respectivamente, afirmam que quando estão sob efeitos destes estimulantes conseguem manter ereção por longos períodos, e manter relações com várias parceiras. Dizem que normalmente usam essas substâncias quando estão nas festas e nos eventos noturnos.
António (nome fictício), um outro jovem entrevistado, de 25 anos, disse que já fez o uso por mera curiosidade e influência de amigos e que depois disso tem usado ocasionalmente.
A Inforpress procurou saber ainda como conseguem ter acesso a essas substâncias. Informaram que fazem encomendas via internet nas plataformas de comércio electrónico e que também adquirem nos amigos e conhecidos que trazem o produto do exterior, sobretudo de emigrantes provenientes dos Estados Unidos da América e da Europa.
Questionados se depois do uso sentem algum mal-estar, um desses jovens relatou que, nalgumas vezes, teve náuseas, aumento da temperatura corporal, dor de cabeça, alteração do batimento cardíaco, ardência no órgão genital e nos olhos.
Após ouvir esses jovens, a Inforpress procurou saber junto de um urologista e de uma sexóloga sobre essa prática entre os jovens cabo-verdianos.
A sexóloga Sandra Perez considera preocupante o uso de estimulantes sexuais por parte de jovens. Acredita que isso acontece devido a promiscuidade, influências sociais, sobretudo dos amigos, desejo de agradar e impressionar, curiosidade de experimentar, bem como influência do mundo digital.
Outras causas para estes comportamentos, estarão, segundo a especialista, relacionadas a auto-estima e insegurança e que isso pode ser tratado com terapia sexual.
“Qualquer dúvida podem procurar um especialista para orientá-los, para desenvolverem uma vida sexual mais saudável, satisfatória e responsável e não se colocarem a saúde em risco”, comentou.
Apontou como algumas das consequências para quem consome essas substâncias a dependência psicológica e física, justificando que a nível psicológico os jovens começam a acreditar que se não consumirem essas substâncias não conseguem ter uma vida sexual satisfatória e a nível físico pensam que para ter uma melhor “performance” é preciso tomar estes estimulantes.
“Se não tiverem alguma prescrição médica ou alguma condição patológica como a disfunção sexual eréctil que não fosse possível tratar com terapia psicológica, não faz sentido o uso dessas substâncias porque é muito perigoso”, alertou.
Recomendou que quando um jovem pretende fazer uso destas substâncias deve, primeiramente, procurar um profissional de saúde, neste caso um especialista, para que tenham uma vida sexual saudável, satisfatória e responsável.
O urologista Benvindo Lopes explicou que estes estimulantes são medicamentos ou substâncias que são utilizadas para facilitar o processo de ereção, descoberto na década de 90, e que trouxe uma revolução no tratamento da disfunção.
Disse que no seu consultório atende, diariamente, jovens com o problema de disfunção eréctil, que pode afectar qualquer homem, independentemente da idade.
Aos jovens que têm o seu processo de ereção normal aconselhou que não é necessário tomar o estimulante, e aos que realmente precisam, o melhor, recomenda, é não comprar os produtos fora das farmácias, porque muitas vezes são adulterados a dose e o grau de impureza dos mesmos, o que pode complicar a saúde.
O melhor, segundo afirma, é consultar um especialista para ver se tem necessidade de usar estes medicamentos ou substâncias.