Presidente do PAICV aponta retrocesso económico e social

PorAnilza Rocha,30 jul 2025 17:00

​O Presidente do PAICV, Francisco Carvalho, acusou hoje o Governo de apresentar um “Estado da Nação falso e superficial”, que não reflecte a realidade vivida pela população cabo-verdiana. Em conferência de imprensa, o líder da oposição criticou a intensa movimentação do Executivo nas redes sociais e meios de comunicação, no ano que antecede as eleições, classificando-a como uma tentativa de apagar anos de atraso com “projectos, promessas e maquetas”.

“Passados tantos anos do MpD no poder, chama-me a atenção que, justamente agora, no ano que antecede às eleições, vejamos uma intensa movimentação do Presidente do partido, ministros e Primeiro-Ministro, como se fosse possível aplacar todos esses anos de atraso em poucos meses. E a forma como têm agido, apropriando-se descaradamente das nossas ideias, só confirma que estamos no caminho certo”, afirmou Francisco Carvalho.

O líder do PAICV considerou “desrespeito ao povo” apresentar um Estado da Nação que ignora as dificuldades estruturais económicas e sociais que a população enfrenta diariamente. “Nos últimos oito meses, o Governo aparece com projectos, promessas e maquetas, enquanto as famílias vivem separadas dos seus sonhos e necessidades”, acrescentou.

Este será o último Estado da Nação do actual Governo, já que as eleições legislativas deverão acontecer antes de Julho de 2026. Segundo Francisco Carvalho, o balanço dos dez anos de governação do MpD é marcado por falhanços em várias áreas: “Não há barcos nem aviões suficientes, as ilhas estão cada vez mais desconectadas, o turismo não cresce como podia, a economia não avança.”

Durante a conferência, Francisco Carvalho destacou dados preocupantes sobre o retrocesso económico e social do país. Segundo o presidente do PAICV, o número de empregos no sector primário caiu drasticamente, de 41.253 em 2016 para apenas 15.092 em 2024 — uma redução de 26.161 postos de trabalho, equivalente a uma queda de cerca de 63%. Este dado exemplifica o “retrocesso generalizado” e a perda massiva de jovens trabalhadores, reflectindo também uma profunda descrença nas instituições da República, acusou.

“Este é o verdadeiro Estado da Nação: um retrocesso generalizado, uma debandada em massa da juventude trabalhadora, uma profunda descrença nas instituições da República e agora até perseguição a jornalistas, que são um pilar fundamental da nossa democracia”, alertou.

Apesar do cenário negativo, o Presidente do PAICV vê nesta fase uma oportunidade para virar a página. “Temos propostas claras e realistas, baseadas em estudos e experiências de gestão, que priorizam a economia nos gastos supérfluos para investir em projectos concretos para o cidadão.” Entre as propostas, destacam-se transportes inter-ilhas com preços acessíveis, acesso gratuito à saúde, ensino superior e formação profissional, industrialização do sector rural, criação de emprego e o envolvimento efectivo da diáspora no desenvolvimento do país.

Questionado sobre a alegada perseguição a jornalistas, Francisco Carvalho classificou o fenómeno como uma “moda perigosa” que fragiliza a democracia, e defendeu a criação de uma instituição nacional para proteger, de forma gratuita, os cidadãos que se sentirem ameaçados no exercício da liberdade de expressão.

Sobre as “milícias digitais”, o líder do PAICV negou que o seu partido tenha feito acusações nesse sentido contra o MpD, e destacou a necessidade urgente de regulamentar o uso das redes sociais para garantir responsabilidade e combater perfis falsos usados para insultos e difamação.

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Autoria:Anilza Rocha,30 jul 2025 17:00

Editado porAndre Amaral  em  31 jul 2025 13:19

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