FICASE reforça bolsas de estudo e alojamento estudantil para ampliar inclusão

PorSheilla Ribeiro,13 set 2025 10:59

O presidente da Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar (FICASE), Adilson Freire, afirmou que os programas da instituição continuam consolidados e que, para o próximo ano lectivo, o orçamento do Fundo de Promoção do Emprego e da Formação (FPEF) e das bolsas de estudo será reforçado. O objectivo é aumentar a escolarização, incluir mais jovens de famílias pobres, reduzir desigualdades regionais e oferecer soluções de alojamento estudantis mais resilientes em Santiago e São Vicente.

Segundo Adilson Freire, os preparativos da instituição para o início das aulas decorrem dentro do previsto, com aquisições já realizadas e manuais escolares impressos para todos os níveis de ensino, restando apenas a recepção dos materiais destinados ao 10.º ano.

“Os programas estão a funcionar conforme planeado. Já imprimimos os manuais, desde o 1.º ao 9.º ano, e estamos a aguardar apenas os do 10.º ano. Também em relação aos géneros alimentícios, eles já estão nos nossos armazéns e temos executado o plano logístico de distribuição pelos concelhos”, explicou.

Conforme referiu, o programa de refeições saudáveis vai beneficiar cerca de 90 mil alunos, o de transporte escolar, vai apoiar, diariamente, cerca de oito mil alunos, e as bolsas de estudo contemplam 3.500 estudantes no país e no exterior.

“Contamos também com 13.018 alunos no programa de saúde escolar e 278 estudantes em residências estudantis com condições adequadas de alojamento”, enumerou.

Adilson Freire sublinhou igualmente a importância do programa de apadrinhamento escolar, que disponibiliza materiais, batas e transporte para 204 crianças, e o apoio à regularização de dívidas de alunos do ensino superior.

“Temos programas que visam responder a necessidades imediatas, desde as propinas para alunos do ensino privado até aos apoios pontuais em situações de maior vulnerabilidade”, acrescentou.

Alimentação escolar é prioridade no arranque

Uma das principais apostas continua a ser a alimentação escolar, que foi, segundo Adilson Freire, a base da criação da FICASE e permanece como o programa mais abrangente.

“É o programa que beneficia mais de 90 mil alunos e que deve merecer sempre uma atenção especial, sobretudo no início do ano lectivo. A prova disso é o plano de alargamento para o 12.º ano, que já está em curso em várias localidades”, disse.

O presidente frisou que a qualidade das refeições está garantida através do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que assegura refeições regulares e equilibradas.

“Temos uma cadeia de recepção, armazenamento e conservação que nos garante segurança alimentar. Além disso, as cozinheiras estão capacitadas e motivadas, com os equipamentos adequados para a preparação das refeições. O nosso cardápio inclui mais de 20 géneros alimentícios diferentes, incluindo legumes, peixe, frango e frutas”, explicou.

Para além das refeições principais, há também suplementos alimentares oferecidos duas vezes por semana. “

Às terças e quintas-feiras é servido um pré-lanche antes da refeição. Por exemplo, a papa cabecinha, feita com farinha integral, leite e açúcar, e estamos a avaliar a introdução de camoca com leite”, adiantou.

Desafios logísticos e estratégias de sustentabilidade

Apesar do arranque positivo, o presidente da FICASE não deixou de reconhecer os desafios que a instituição enfrenta, sobretudo de ordem logística.

“Os principais constrangimentos são de foro logístico. No entanto, com os nossos fornecedores, temos encontrado as soluções necessárias. Se tudo correr conforme planeado, os programas vão arrancar no dia 15 sem sobressaltos”, assegurou.

Outra dificuldade prende-se com a inflação e os processos de contratação pública.

“A inflação afecta muito, porque obriga a repensar opções de aquisição. Temos ainda o desafio de envolver mais fornecedores nacionais, alguns dos quais não estão devidamente formalizados. Felizmente, temos associações e organizações que trabalham connosco e apoiam os produtores locais, garantindo o fornecimento dentro dos requisitos legais”, disse.

No plano da sustentabilidade, Adilson Freire apontou a importância de articular os programas da FICASE com os documentos orientadores da política educativa nacional.

“Seguimos o plano estratégico da educação, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) e o programa do governo. A maioria dos nossos programas é financiada pelo Orçamento Geral do Estado, mas também contamos com o apoio de parceiros. O factor de maior sustentabilidade é ver os resultados nos alunos, desde a alfabetização até ao ingresso no mercado de trabalho”, afirmou.

O presidente revelou ainda que a fundação lançou uma campanha para incentivar os ex-bolseiros que já estão empregados a contribuírem financeiramente para o sistema.

“Temos uma campanha específica para os nossos ex-bolseiros, disponível no nosso site, que permite um contributo simples e útil. A adesão ainda é incipiente, mas vamos reforçar a promoção para que mais ex-bolseiros participem”, referiu.

Um dos objectivos centrais da acção da FICASE continua a ser a redução do abandono escolar por razões económicas, segundo este responsável.

“Queremos que os alunos permaneçam no sistema de ensino, para que as taxas de abandono sejam reduzidas e os desempenhos académicos melhorem. O que pedimos em troca é que os alunos aproveitem as condições oferecidas e continuem os estudos. Assim, no futuro, poderão conseguir bons empregos e melhorar as condições de vida das suas famílias”, explicou Freire.

O dirigente frisou ainda que os programas da fundação têm uma função social determinante.

“O governo tem esta meta e nós somos parte desta solução. O nosso objectivo é quebrar o ciclo de pobreza em cada família e oferecer às crianças e jovens as ferramentas para um futuro melhor”, concluiu.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1241 de 10 de Setembro de 2025.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,13 set 2025 10:59

Editado porAntónio Monteiro  em  13 set 2025 12:43

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