O documento apresenta dados específicos sobre países de língua portuguesa, incluindo Brasil, Angola e Moçambique, que aparecem entre os de alta carga de tuberculose acompanhados pela OMS.
Cabo Verde, por sua vez, figura num grupo mais restrito de países que demonstram progressos significativos na implementação das estratégias regionais de eliminação da doença.
A região africana reduziu em 46% o número de mortos por tuberculose entre 2015 e 2024 e em 28% a taxa de incidência.
Durante o lançamento do relatório, o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que mesmo enquanto se busca cumprir os compromissos assumidos na segunda reunião de alto nível das Nações Unidas sobre a tuberculose, “entramos numa nova fase de escassez”.
A OMS reafirmou o compromisso de trabalhar com doadores, parceiros e países afectados para mitigar o impacto dos cortes de financiamento, encontrar soluções inovadoras e mobilizar compromissos políticos e financeiros com vista a pôr fim à doença.
A tuberculose continua a ser a principal causa de morte por um único agente infeccioso no mundo. Em 2024, cerca de 10,7 milhões de pessoas adoeceram e 1,23 milhão morreram devido à doença, uma ligeira redução em relação a 2023, mas ainda acima dos níveis registados em 2020.
A taxa global de incidência caiu 1,7% entre 2023 e 2024, regressando ao patamar de 131 casos por 100 mil habitantes.
Apesar dos progressos, o ritmo global permanece distante das metas definidas pela “Estratégia Fim” da doença. Até 2025, a meta era reduzir a incidência em 50% e as mortes em 75%. Contudo, os resultados actuais revelam reduções de apenas 12% na incidência e 29% na mortalidade.
O relatório mostra ainda que 54% dos novos casos de tuberculose são registados entre homens, 35% entre mulheres e 11% entre crianças. A doença mantém-se fortemente concentrada em países de alta carga: 87% dos casos mundiais estão em apenas 30 países, entre os quais Índia, Indonésia, Filipinas, China, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo e Bangladesh, que juntos representam 67% do total global.
Em 2024, o financiamento global destinado à prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose atingiu 5,9 mil milhões de dólares, o que representa apenas 27% da meta anual de 22 mil milhões até 2027.
Já o investimento em pesquisa totalizou 1,2 mil milhões de dólares em 2023, cerca de 24% do necessário, segundo a OMS.
A organização alerta que os cortes internacionais previstos a partir de 2025 poderão afectar gravemente os programas nacionais, especialmente nos países com maior carga da doença, e comprometer os avanços obtidos nos últimos anos.
A OMS sublinha que 101 países já alcançaram reduções de pelo menos 20% na taxa de incidência desde 2015, e 65 conseguiram diminuir as mortes por tuberculose em 35% ou mais. No entanto, alcançar as metas globais até 2030 dependerá de esforços contínuos e coordenados.
Segundo a organização, será essencial garantir cobertura universal de saúde, fortalecer a proteção social e investir de forma sustentada em investigação científica, incluindo o desenvolvimento de uma nova vacina. Actualmente, 18 candidatas a vacinas estão em fase clínica, sendo seis delas já em testes de fase 3.
O Relatório Global de Tuberculose 2025 é produzido pelo Departamento de VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana), Tuberculose, Hepatites e Infeções Sexualmente Transmissíveis da OMS.
Foto: depositphotos
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