Este e outros dados sobre diferentes temas foram avançados hoje pela Afrosondagem, na apresentação inaugural do “Inquérito sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde”.
Mais ainda, aumentou para 44% a percentagem de cabo-verdianos que considera que a democracia nacional tem “grandes problemas” (contra 37% que deram essa resposta em 2014).
Apesar da insatisfação, é certo também que a maioria (70%) defende que a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo. A percentagem é, porém, a menor desde 2005. Por exemplo, em 2011 e 2014, 81% apontava a democracia como a melhor forma de governo.
Entretanto, há ainda 22% da população que aprovaria o exército a governar, ou seja, um governo militar. Por outro lado, apenas 16% se mostra favorável ao monopartidarismo e 9% aprovaria que as eleições e Assembleia fossem extintas e o poder ficasse apenas nas mãos do Primeiro-Ministro.
Salienta-se ainda que os cabo-verdianos (82%) “consideram que os políticos nunca/poucas vezes fazem o melhor para ouvir aquilo que o povo tem para lhes dizer”. Contudo, a nível desta falta de atenção dos políticos para com os cidadãos, a insatisfação tem sido uma constante ao longo dos anos, não havendo grande flutuação nas percepções aferidas.
Ao mesmo tempo, a esmagadora maioria defende que se devem respeitar as regras democráticas, nomeadamente “obedecer ao governo no poder independentemente de em quem votou” (82%).
Liberdades com nota positiva
Apesar dos defeitos e “grandes problemas da democracia”, a esmagadora maioria dos cabo-verdianos (90%) considera que no país “se é livre para se dizer o que pensa”
Sete em cada dez afirmam ainda “que as pessoas são totalmente livres para dizerem o que pensam sobre a política”.
Mais ainda, “6 em cada 10 consideram que a imprensa é livre para investigar e documentar os erros do governo ou criticar as suas actividades e/ou desempenho”.
E cerca de “2/3 dos cabo-verdianos afirmam que os cidadãos têm liberdade para filiar em qualquer organização política”.
Economia no caminho “errado”?
A maioria dos cabo-verdianos (58%) mostra-se também muito crítica no que toca ao rumo da economia, considerando que “o país está a ser dirigido na direcção errada”. Apenas 38% acreditam que o rumo é o certo. Quando comparado este dado com 2014, vemos que há uma quebra de confiança sendo que, então, cerca de metade (49%) considerava que o país caminhava na direcção certa.
Paradoxalmente, 72% dos inquiridos espera que nos próximos 12 meses, as condições económicas no país irão melhorar, contra 59% que em 2014 acreditava nessa melhoria.
Na mesma linha, mais de metade dos inquiridos considera que a actual condição económica do país é má. Contudo, como se salvaguarda na apresentação, esta é uma posição que já se mantém inalterada desde 2014. E houve inclusive um aumento de 5 pontos percentuais comparativamente a 2014, nos cabo-verdianos que qualificam as suas condições de vida como sendo boas (pouco mais de 1/5).
Assim, se em 2014 apenas 16% consideravam ter boas condições de vida, contra 37% que tinham más ou muito más, em 2017, 21% dizia ter boas condições (a percentagem mais alta dos últimos 6 anos) e 31% descreviam a sua situação como má.
Insegurança
A percepção de insegurança foi outra das áreas avaliadas e apresentadas neste lançamento dos dados. Conclui-se, olhando os mesmos, que esta sensação “vem diminuindo ao longo dos anos, mas mesmo assim continua num grau elevado”.
Não houve na realidade grandes alterações a esse nível quando comparado com os anos anteriores, mas houve um aumento de 17 para 20% entre os inquiridos roubados na sua própria casa.
O inquérito mostra ainda que existe uma acentuada “diferença entre a percepção da violência e a realidade vivida em termos de segurança”, apontando “que a maioria dos cabo-verdianos não têm sido vítimas de qualquer tipo de violência”.
Regionalização e vistos UE
A regionalização foi outro dos temas do inquérito e salienta-se o ainda grande desconhecimento sobre o mesmo. Na verdade, “4 em cada 10 cabo-verdianos afirmam não estar informados sobre o tema.
Entre aqueles que têm opinião formulada, as opiniões dividem-se quanto aos efeitos potenciais que se espera após a implementação da proposta da regionalização. 35% concorda, 24% discorda.
Outro tema na mesa foi a medida aprovada pelo Governo de “isentar o pagamento de visto aos indivíduos portadores do passaporte da UE, para impulsionar o turismo em Cabo Verde”, sendo que pouco mais de metade dos cabo-verdianos (55%) desaprova esta intenção.
O principal motivo para esta reprovação tem a ver como o medo de um aumento da taxa de criminalidade (motivo apresentado por 33% dos inquiridos), sendo que a perda de receitas é apenas apontado por 16% da população. Por outro lado cerca de ¼ considera que essa isenção poderá aumentar o fluxo turístico.
O inquérito foi realizado pela Afrosondagem que entrevistou 1200 indivíduos adultos (com 18 anos e mais) entre 20 de Novembro e 5 de Dezembro de 2017. A amostra é representativa a nível nacional e por meio de residência, tendo o estudo sido feito nas ilhas de Santiago, Santo Antão, São Vicente e Fogo. A margem de erro é de + ou – 3% e o intervalo de confiança de 95%. Em Cabo Verde, já foram realizados estes inquéritos nos anos de 2002, 2005, 2008, 2011 e 2014.
A sessão de hoje foi a primeira de cinco sessões programadas para apresentação dos resultados deste Estudo da Afrobarometer/Afrosondagem, sendo que outros temas serão abordados em datas ainda não divulgadas. Entre os temas que serão apresentados estão designadamente, e de acordo o director geral da Afrosondagem, José Semedo, a confiança nas instituições, a performance do governo, a questão da avaliação do Estado da Justiça, a questão da corrupção a questão da equidade e igualdade de género, a participação política.
A sessão de hoje foi a primeira de cinco sessões programadas para apresentação dos resultados deste Estudo da Afrobarometer/Afrosondagem, sendo que outros temas serão abordados em datas ainda não divulgadas.
Entre os temas que serão apresentados estão designadamente, e de acordo o director geral da Afrosondagem, José Semedo, a confiança nas instituições, a performance do governo, a questão da avaliação do Estado da Justiça, a questão da corrupção a questão da equidade e igualdade de género, a participação política.