“Espero que até ao final do ano, e da presidência cabo-verdiana da CPLP, sejam dados passos muito firmes em relação à mobilidade”, começou por dizer Carlos Monteiro, em declarações à Lusa, em Lisboa, acrescentando que poderá assim ser dado “um passo em frente na integração e articulação de políticas na comunidade” lusófona.
“Se vamos ter o espaço cada vez mais aberto, temos de ter também políticas cada vez mais integradas”, afirmou o governante à margem da Conferência de Jovens sobre o Futuro do Trabalho, que decorre hoje no Centro de Juventude de Lisboa, promovida pela CPLP em conjunto com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), o Fórum da Juventude da CPLP e a Organização Internacional do Trabalho (OIT-Lisboa).
Carlos Monteiro faz uma avaliação positiva desse processo de articulação de políticas, referindo que “já há muita coisa concretizada ao nível das diferentes conferências de ministros”, mas, “se calhar, o que falta é o reforço dessa integração”.
“Mas acho que vamos a tempo, com os jovens mais próximos do processo de decisão, de dar passos mais firmes”, acrescentou.
A proximidade dos jovens dos “processos de decisão” foi também uma das tónicas dominantes da intervenção na conferência do ministro da Juventude, Desporto e Empreendedorismo de São Tomé e Príncipe, Vinício Teles Xavier de Pina, também presidente da Conferência de Ministros da Juventude e Desporto da CPLP.
“Durante muito tempo, falou-se muito de política para a juventude, mas não se fez muita política com a juventude. É importante que a juventude possa participar na construção do seu próprio futuro. Há necessidade dos dirigentes, actores políticos, organizações internacionais, convidarem a juventude a estar mais presente e a participar mais”, afirmou Vinício Teles Xavier de Pina, em declarações à Lusa.
“O futuro é agora”, sublinhou ainda o governante são-tomense. “Todos temos que trabalhar para que estas decisões para a juventude sejam tomadas com a juventude. E, neste sentido, a CPLP tem que trabalhar mais para que a juventude participe mais, sobretudo nas matérias relacionadas com o empreendedorismo e o trabalho em termos gerais”, apelou.
Cabo Verde está a tentar reparar esse “fosso” através da criação de um Conselho Consultivo para a Juventude, um órgão de consulta do chefe do Governo recém-criado para “debater políticas de juventude com os jovens e aproximar as decisões das expectativas reais dos jovens”, nos termos de Carlos Monteiro.
O secretário de Estado deu ainda conta de estar a ser feita “uma certa advocacia” junto dos municípios cabo-verdianos para que sejam reactivados os “conselhos municipais de juventude”.
“É um contributo para fechar essa distância que existe entre aquilo que os jovens reivindicam e as decisões políticas que adoptamos, tanto a nível municipal quanto ao nível do poder central e mostra a intenção do nosso governo de ter os jovens próximos dos centros de decisão”, disse.
A CPLP declarou 2019 como ano da Juventude naquela organização e Carlos Monteiro quer deixar como cunho da presidência (rotativa) cabo-verdiana o “reforço nos jovens da ideia de contacto, de pertença à comunidade”.
“Isso faz-se através do reforço do conhecimento cultural que cada jovem deve ter da realidade de outro jovem em qualquer Estado-membro da CPLP. Com o reforço da conexão a esse nível pode estar lançada a base que nos permitirá que as políticas e as intenções [tomadas no seio da comunidade] perdurem no tempo”, disse.