"Temos de continuar a criar as condições para debelar um problema que nos tempos recentes alterou, espero que episodicamente e de forma localizada, a tranquilidade dos cidadãos que estava a enraizar-se entre nós. Refiro-me à insegurança, especialmente na cidade da Praia", disse Jorge Carlos Fonseca na mensagem de dia 31 de Dezembro.
Vários crimes com arma de fogo e arma branca têm acontecido na cidade da Praia nos últimos meses, o que levou o Governo a aprovar em Novembro 14 medidas para combater a criminalidade urbana no país, entre elas a revisão da lei das armas e agravamento de penas em caso de reincidência criminal.
"Exorto o Governo a prosseguir os esforços no sentido de debelar as causas subjacentes ao fenómeno, especialmente, na perspectiva preventiva e conclamo os cidadãos a tudo fazerem para que a cultura da violência e da intolerância seja efectivamente combatida", prosseguiu o chefe de Estado na tradicional mensagem de Ano Novo.
Jorge Carlos Fonseca considerou ser de "maior importância" a entrada em vigor da nova lei do álcool, aprovada por unanimidade pelo parlamento, mas pediu a participação das pessoas e das famílias - para além das autoridades - na sua efectiva aplicação.
"Alcançar, em todo o território nacional, níveis razoáveis de segurança, é fundamental para que continuemos, em crescendo, a ser um país de liberdade e uma democracia cada vez mais sólida. Devemos, para tanto, reavaliar meios, recursos, metodologias, sempre com sentido de objetividade e racionalidade", salientou.
Num olhar ainda para 2019, Jorge Carlos Fonseca reconheceu que foi um "ano de dificuldades", por causa ainda de mais um período de chuvas muito escassas, pelo terceiro ano consecutivo, o que tem condicionado a vida de milhares de agricultores e de criadores de gado.
Neste sentido, disse que "o desafio dos desafios" do país é a criação de condições para que seja cada vez menos dependente das chuvas, cada vez mais aleatórias com as alterações climáticas.
Para o próximo ano, o Presidente da República lembrou que o país vai celebrar o 45º aniversário da independência nacional e também vai iniciar um ciclo eleitoral, com as autárquicas.
Por isso, considerou ser "decisivo" os desafios da qualificação e extensão da democracia e da cultura constitucional, do aprimoramento e fortalecimento dos pilares do estado de direito.
Jorge Carlos Fonseca notou que o país ainda enfrenta problemas a nível do desemprego e das desigualdades sociais e regionais, entendendo que devem ser atenuados, através da adopção e execução de políticas adequadas e criativas.
"Continuamos a ser um país estável, com coesão social, com as instituições a funcionar normalmente, ativos que temos de preservar, e a economia a crescer", prosseguiu o Presidente cabo-verdiano, para quem o país tem de crescer mais e de forma mais equilibrada para gerar emprego.
Na sua penúltima mensagem de fim de ano como Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca exortou ainda o Governo a prosseguir os esforços para a consolidação e diversificação do turismo, o motor da economia, que contribui com 22% do produto interno bruto (PIB).
O chefe de Estado terminou a sua mensagem sublinhando o "impacto extremamente positivo" da elevação da morna a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, dizendo que Cabo Verde e cada cabo-verdiano estão de parabéns.
"O Governo e todos os que, com denodo e competência, se entregaram a esta nobre tarefa merecem o nosso reconhecimento", terminou Jorge Carlos Fonseca, desejando que 2020 seja um ano de muita prosperidade, muita saúde e de muita concórdia.