O Governo nomeou Óscar Santos, ex-presidente da câmara da Praia, para o cargo de governador do BCV, substituindo João Serra, que chegou ao fim da sua comissão de serviço.
Uma decisão que, segundo António Monteiro adiantou hoje à Inforpress, é de uma “irresponsabilidade terrível”, numa altura em que se está próximo das eleições legislativas.
“Em democracia isso não se faz e não se aceita questões desse tipo. O bom-senso aconselha que mesmo que quisessem nomear Óscar Santos devia-se esperar os resultados das novas eleições”, defendeu o líder da UCID, classificando tal atitude de “afronta à democracia” e “atitude de desespero” do MpD.
António Monteiro disse não ter “nada contra” Óscar Santos como pessoa, mas “essa de dar-lhe um presente por ter perdido a câmara da Praia, não faz qualquer sentido”, asseverou.
“Se fosse num período normal, acho que tal não acontecia, mas numa situação de desespero espera-se de tudo. Isto é claramente um desespero político”, criticou ainda António Montiero que espera que a nomeação “não tenha mais nenhuma intenção por detrás”.
Por essa razão, conforme o líder da UCID, aguarda-se que os próprios militantes do MpD sancionem tal atitude.
“Assim como nós estamos indignados, acredito que há militantes do MpD indignados, porque muitos deles são amantes da democracia e de um Estado de direito democrático”, reiterou.
António Monteiro augurou, por outro lado, que o BCV continue com a “postura equidistante, enquanto instituição credível e reguladora” da actividade económica no País e que “não caia na tentação de tomar decisões lesivas ao Estado de Cabo Verde e que satisfaça temporariamente o Governo do MpD”.
A informação de nomear o ex-presidente da Câmara Municipal da Praia consta no Boletim Oficial (B.O.) de 04 de Janeiro, indicando que a decisão saiu do Conselho de Ministros, que também nomeou para administradores do BCV António Varela Semedo, Maria Tereza Lopes da Luz Henriques e Elias da Veiga Pereira, que substituem Carlos Manuel da Luz Delgado Rocha, Horácio Moreira Semedo e Carlos Alberto Carvalho Furtado.
O Governo justifica a formalização da cessação, por caducidade, do mandado do governador João Serra e dos administradores, com o facto de o mesmo ter a duração de cinco anos, renovável por uma só vez, por igual período.
A resolução aprovada em Conselho de Ministros, que nomeia Óscar Santos, entra em vigor esta terça-feira, 05.