O pedido de demissão de Luís Filipe Tavares surge na sequência de uma reportagem de investigação intitulada “A Grande ilusão: cifrões e outros demónios”, divulgada esta semana, no canal português SIC, que aponta César do Paço como um dos principais financiadores do Chega, partido da extrema-direita de Portugal.
Também segundo a reportagem, César do Paço foi acusado, em 1991, em Portugal de crime de roubo qualificado. Não chegou a ser julgado porque fugiu e o crime prescreveu.
“Considerando informações adicionais e recentes postas a circular, sem fazer qualquer juízo de valor sobre o seu mérito e ainda imbuído do espírito de poupar a Cabo Verde a crispação adicional e o desgaste que resultam das eventuais repercussões políticas negativas, não poderia ter outra atitude que não fosse a de requerer a S. Exa. o primeiro-ministro a minha exoneração do cargo”, explica Tavares, em comunicado.
Na nota, Luís Filipe Tavares, sublinha que esteve sempre de “boa fé” na escolha de De Paço para cônsul na Flórida e que se baseou “no facto deste ter sido cônsul honorário de Portugal por vários anos, de ser uma pessoa bem colocada e considerada na sociedade americana e de pretender investir em Cabo Verde, tendo os recursos próprios necessários”.
“Não inquiri, nem poderia inquirir, sobre as simpatias políticas do DR. de Paço no contexto americano e português, guiado pela inabalável crença na liberdade de escolha político-partidária que deve ser reconhecida a todos os cidadãos, sem qualquer distinção”, lê-se no documento.
O ministro demissionário diz estar “consciência tranquila” pela convicção de que procurou fazer “o melhor” para servir Cabo Verde.
Ontem, também em comunicado, sem mais pormenores, o governo anunciou que “aceitou o pedido de demissão de Luís Filipe Tavares”.