Entre formalizações, desistência e assinaturas insuficientes para a oficialização de candidatura

PorSheilla Ribeiro,18 ago 2021 7:15

As eleições presidenciais em Cabo Verde estão marcadas para o dia 17 de Outubro e o prazo para a apresentação das candidaturas termina hoje, 18 de Agosto. Até o momento, José Maria Neves, Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Hélio Sanches e Gilson João Alves são os candidatos que já oficializaram as suas candidaturas no Tribunal Constitucional. Por outro lado, Daniel Medina desistiu da corrida presidencial, enquanto Osvaldo Barbosa não conseguiu assinaturas suficientes.

Na semana passada, no dia 12 de Agosto, o mandatário nacional da candidatura de José Maria Neves, Germano Almeida, entregou o processo no Tribunal Constitucional, com quatro mil assinaturas, o máximo permitido. A candidatura do ex-primeiro-ministro de Cabo Verde (2001-2016) foi a primeira a ser entregue formalmente, seis dias antes do fim do prazo. Na ocasião, Almeida frisou que o momento actual da vida nacional, procura mudança.

“Mudança que o Presidente da República não traz por si só, mas que ele pode potenciar na medida em que o Presidente tem poderes muito além daquilo que as Constituições preveem. O poder de influência presidencial é grande e precisa ser usado em Cabo Verde nos mais diversos domínios”, avançou.

Na sua comunicação à imprensa, o mandatário lembrou que o Chefe do Estado tem ainda o poder de influência, que “necessita ser usado”, nos mais diversos domínios, destacando, os sectores da Justiça e Transportes. Sectores que, na sua opinião, têm gerado “grandes crises” no país.

Foi a 19 de Março que José Maria Neves anunciou a sua corrida presidencial, depois de cinco anos fora da vida política. A decisão de se candidatar, segundo declarou Neves na altura, foi tomada depois de “uma enorme reflexão e grande partilha’’ entre o candidato, ou pré-candidato, e personalidades da sociedade civil, partidos políticos, sindicatos e diferentes organizações da sociedade civil.

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), assim como o líder histórico Pedro Pires, declarou seu apoio à candidatura presidencial de Neves. O candidato, por seu turno, reconheceu que o apoio do partido do qual foi presidente de 2000 a 2016, é um “importante contributo” no reforço da dinâmica da vitória em construção.

Veiga conta com apoio do MpD e UCID

Nesta segunda-feira, 16, o mandatário nacional da candidatura de Carlos Veiga a Presidente da República, Adalberto “Betú” Silva, oficializou a candidatura, suportada por quatro mil assinaturas, junto do Tribunal Constitucional.

“Formalizamos hoje a candidatura de Carlos Veiga à Presidência da República, com uma subscrição no seu limite máximo de 4 mil subscritores, de todos os concelhos e também dos círculos da Diáspora, embora neste particular a lei não exija. Registamos a disponibilidade na subscrição que excede o limite que é permitido pela lei, um sinal, digamos, de força neste arranque da jornada, que nós contamos ser de sucesso para o nosso candidato à presidência da República”, disse aos jornalistas.

Para Adalberto Silva, não é de se estranhar a disponibilidade de assinaturas que excedam o limite imposto pela lei, por Carlos Veiga ou “Kalu” ser uma figura muito conhecida do povo cabo-verdiano com uma “história interessante, com um contributo cimeiro na implantação do regime” que se vive hoje de liberdade e de democracia em Cabo Verde”.

Contributos que, no seu entender, dão garantia de que o candidato “conhece muitos poderes e as atribuições do Presidente da República” e de que é “um homem talhado para a função”.

A 4 de Março passado, Carlos Veiga, anunciou oficialmente a sua candidatura à Presidência da República que foi aprovada, por aclamação, pelo MpD. O chefe do Governo e também presidente do Movimento para Democracia (MPD), Ulisses Correia e Silva, também declarou o seu apoio à candidatura, assim como a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID).

Carlos Veiga afirmou que nunca duvidou que teria o suporte do MpD que lhe dá “uma força muito maior”. Quanto ao apoio da UCID, Veiga considerou importante e que confirma a abrangência e representatividade nacional da sua candidatura.

Fernando Rocha Delgado, terceira candidatura formalizada

Também no dia 16 deste mês, o engenheiro naval e mestre em direito marítimo e comércio internacional, Fernando Rocha Delgado, de Santo Antão, oficializou a sua candidatura à Presidência da República, através do seu mandatário nacional Adilson Vicente Oliveira.

Adilson Vicente Oliveira, que esteve acompanhado do próprio candidato, disse tratar-se de uma candidatura suportada por mais de 1200 assinaturas, e que pretende mostrar “sangue novo, ideias novas” e dar oportunidades para que os jovens também sejam engajados no desenvolvimento de Cabo Verde.

“Estamos há 17 anos preparando esta candidatura. Temos analisado o ciclo político em Cabo Verde, constatamos que os jovens estão um pouco desencantados com a nossa política e [a isso é] devido à taxa de abstenção nos últimos anos. A nossa candidatura é no sentido de mostrar a Cabo Verde um novo sangue, ideias novas para dar oportunidade aos jovens de estarem engajados no desenvolvimento do país”, fundamentou.

A 7 de Junho, Fernando Rocha Delgado apresentou, em Figueiral da Ribeira Grande de Santo Antão, a sua candidatura à Presidência da República, prometendo, caso for eleito, servir o país e garantir a estabilidade da política nacional.

Segundo o mandatário, a candidatura de Delgado conta com apoios de algumas pessoas amigas e emigrantes de Santo Antão. Mas, garantiu, vai procurar apoios de outras entidades e personalidades.

Hélio Sanches é oficialmente candidato

Hélio Sanches formalizou nesta terça-feira, 17, a sua candidatura. Embora considere os apoios partidários importantes, o mandatário nacional, Edson Ribeiro, não pensa que estes vão definir os resultados de 17 de Outubro.

“Agora vamos começar uma nova etapa neste processo de candidatura. O que gostaríamos é que os outros candidatos deixem de passar mensagens enganadoras aos cidadãos. Que cumpram de facto a Constituição, porque as eleições presidenciais não são e nem podem ser vistas como meras extensões das eleições legislativas ou outras eleições” disse o mandatário aos jornalistas.

Edson Ribeiro reconhece que alguns dos candidatos têm algum passado na vida política, mas defende que já deram o que tinham para dar ao país. No seu entender, esses candidatos “estão esgotados” e agora o país precisa de projectos novos, de pessoas com uma visão diferente e capazes também de trazer uma nova prática política.

Embora não tenha precisado os números, este mandatário garantiu que a candidatura ultrapassou “largamente “o número de assinaturas exigidas pela lei (1000), tendo as mesmas sido recolhidas em todos os municípios e concelhos do país.

De referir que Hélio Sanches foi o primeiro candidato a manifestar-se disponível para as eleições presidenciais, sendo a sua candidatura suportada por apoiantes de vários quadrantes políticos, sociais, culturais, económicos e religiosos.

Gilson João Alves de 39 anos também é candidato

O cirurgião, natural de São Vicente, oficializou hoje a sua candidatura às presidenciais de Outubro, com pouco mais de 1000 assinaturas.

Em declarações à imprensa, o mandatário da ilha de Santiago da candidatura, Edmilson Aguiar, garantiu que o seu candidato tem uma ideia de política jovem e é muito apoiado por essa faixa etária.

“Falo dos bairros periféricos que precisam de muito apoio, dos nossos idosos, dos nossos jovens. O objectivo da sua candidatura é conseguir um lugar para lutar no intuito de ajudar o povo de Cabo Verde e também os nossos jovens abrangendo as áreas periféricas”, manifestou.

Segundo o mandatário, a candidatura do Gilson Alves conseguiu 1066 assinaturas. A candidatura, referiu ainda, não conta com nenhum apoio partidário, mas também não gostaria de o ter.

De qualquer forma, “há muito que vem preparando a sua candidatura [Gilson Alves] e agora chegou o momento de tentar conseguir candidatar-se”, apontou.

Deixaram de ser candidatos…

Nesta segunda-feira, o professor universitário Daniel Medina desistiu de concorrer às próximas eleições presidenciais por considerar que o Estado não lhe dá garantia de imparcialidade e transparência.

“Já não vou apresentar a candidatura pela seguinte razão: o Estado de Cabo Verde não garante a imparcialidade, não garante a não compra de votos e a transparência nas eleições”, disse em conversa com a Inforpress, indicando que chegou a esta conclusão depois de ter falado com as pessoas e com as autoridades que têm a ver com essas situações.

Daniel Medina admitiu que as dificuldades financeiras terão pesado na sua decisão, mas sublinhou que a situação em que se encontra a democracia cabo-verdiana foi incisiva.

Quem também tinha anunciado a sua intenção de se candidatar às eleições presidenciais e não vai entrar na corrida é o empresário Marco Rodrigues.

Conta, conforme a Inforpress, que ficou impedido pela Constituição da República de Cabo Verde por ter dupla nacionalidade e espera que daqui a cinco anos haja revisão constitucional para a retirada dessa imposição e poder concorrer ao cargo de chefe de Estado.

Por seu lado, Osvaldo Barbosa, que tinha anunciado a sua intenção de se candidatar, não conseguiu assinaturas suficientes para formalizar a sua candidatura junto do Tribunal Constitucional.

Em declarações à Inforpress, o pré-candidato ao cargo de Presidência da República explicou que dificuldades na deslocação para outras ilhas o impediu de alcançar as 1.000 assinaturas, que é o número mínimo de subscrição aceite pela lei para se apresentar uma candidatura presidencial.

“Infelizmente consegui apenas cerca de 600 assinaturas só na ilha de Santiago. Se eu tivesse deslocado para as outras ilhas conseguiria a parte restante para apresentar a minha candidatura, mas eu não desisti”, disse Osvaldo Barbosa prometendo trabalhar desde muito cedo para participar na próxima eleição daqui a cinco anos.

Quanto aos outros pré-candidatos, ou seja, cidadãos que tinham manifestado a intenção de concorrer, Péricles Silva, indicou à Inforpress que está a ultimar a documentação para formalizar, dentro do prazo legal.

O pré-candidato Casimiro de Pina anunciou ontem na sua página do Facebook que vai esta quarta-feira, no prazo limite, formalizar a sua candidatura. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1029 de 18 de Agosto de 2021. 

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Autoria:Sheilla Ribeiro,18 ago 2021 7:15

Editado porSara Almeida  em  20 ago 2021 15:16

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